A Bielorrússia anunciou esta sexta-feira que vai impor sanções retaliatórias à União Europeia, depois de Bruxelas ter decidido sancionar responsáveis bielorrussos acusados de reprimir a oposição e de falsificar o resultado das eleições presidenciais.

“A Bielorrússia vai aplicar uma lista de sanções em resposta (às da União Europeia) a partir de hoje”, avançou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Bielorrússia, em comunicado, acrescentando que a lista não será tornada pública. O Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, não foi pessoalmente alvo das medidas europeias.

Os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) chegaram esta sexta-feira, de madrugada, a acordo sobre a aplicação de sanções aos repressores na Bielorrússia. “Concordámos hoje implementar as sanções que já tínhamos definido”, declarou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, falando aos jornalistas no final do primeiro dia da cimeira extraordinária dedicada à Bielorrússia e à crise no Mediterrâneo oriental, em Bruxelas.

“É um importante e claro sinal de que somos credíveis, […] que será concluído amanhã [hoje, sexta-feira] através de um procedimento por escrito para implementar as sanções à Bielorrússia, numa lista com cerca de 40 nomes” de pessoas ligadas às ações de repressão, acrescentou Charles Michel. O objetivo da UE é que “as pessoas da Bielorrússia tenham o direito de decidir o seu próprio futuro”, adiantou.

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A Rússia também reagiu esta sexta-feira ao anúncio de Bruxelas, considerando que as sanções contra Minsk são “uma prova de fraqueza e não de força” por parte dos europeus. “É sabido que, de maneira geral, consideramos má a política de sanções”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ressalvando que é “positivo” que Lukashenko não seja pessoalmente alvo das medidas europeias. Estas sanções, aplicadas a partir de esta sexta-feira, congelam os bens na UE das pessoas em causa, que também estão proibidas de entrar no território da União.

As presidenciais de 09 de agosto na Bielorrússia deram a vitória a Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, atribuindo-lhe 80% dos votos e 10% à sua principal rival, Svetlana Tikhanovskaya.

As eleições foram, no entanto, consideradas fraudulentas, sendo contestadas pela oposição e não reconhecidas pela UE e, desde então, têm-se multiplicado as manifestações nas ruas da Bielorrússia, apesar das repressões das autoridades.