A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e a Cabo Verde TradeInvest assinaram um protocolo para aumentar as relações económicas e comerciais entre os dois países, facilitando a circulação de informações sobre negócios.

O acordo que foi assinado na sexta-feira por via de uma ligação virtual entre os presidentes da Cabo Verde TradeInvest, José Almada Dias, e da AICEP, Luís Filipe de Castro Henriques, e anunciado hoje pela agência cabo-verdiana.

Com este acordo, as duas agências pretendem estabelecer uma rede de contactos empresariais que facilitem a circulação de informações sobre oportunidades de negócios, fomentar o fluxo recíproco de informação, prestar assistência às empresas e promover a assistência técnica e capacitação institucional.

“A parceria entre a AICEP e a Cabo Verde TradeInvest tem sido frutuosa para ambas as economias – para Portugal e para Cabo Verde. Devemos apostar em novas sinergias que nos unam em torno dos nossos objetivos comuns. Com este protocolo, contamos com a colaboração da Cabo Verde TradeInvest para agilizar a partilha de informação e calendarização relevante de desenvolvimentos, processos e procedimentos bilaterais nas matérias de cooperação e interesse económico mútuo”, diz o presidente da ACEPE, Luís Castro Henriques, citado na nota de imprensa da Cabo Verde TradeInvest.

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Além disso, prossegue: “Acreditamos que vamos contribuir com ainda mais dinâmica para este desígnio comum absolutamente estratégico [que é] reforçar o papel da CPLP no contexto mundial”,

“O que nós contamos é que a realidade futura da retoma do mercado, seja bastante marcada por esta noção de cooperação, para que mais depressa as economias possam reagir ao contexto atual. Portanto, a diplomacia económica será chave para que horizonte cabo-verdiano mantenha a perspetiva de crescimento, que já estava a seguir antes do início desta pandemia”, afirmou, por sua vez, o presidente da Cabo Verde TradeInvest.

Em dezembro, durante um fórum económica na cidade da Praia, o secretário de Estado Adjunto e da Economia de Portugal, João Neves, afirmou que 3.000 empresas portuguesas exportam para Cabo Verde e que o volume das trocas comerciais entre os dois países ronda os 450 milhões de euros anuais.

“É bem elucidativo do interesse do tecido empresarial de Portugal no mercado cabo-verdiano. A base de exportação portuguesa cobre praticamente todas as áreas da atividade económica e categoria de produtos”, apontou na altura o governante português.

Segundo os números apresentados nesse fórum, realizado no âmbito das Comemorações do V Centenário da Viagem de Circum-Navegação comandada pelo navegador português Fernão de Magalhães, as trocas comerciais entre Portugal e Cabo Verde atingiram um “pico” em 2017.

João Neves acrescentou que em 2018 a balança de bens e serviços entre Portugal e Cabo Verde totalizou os 358 milhões de euros de exportações portuguesas e de 107 milhões de euros de exportações cabo-verdianas.

Neste contexto, as viagens e o turismo representaram “cerca de um terço do montante de exportações de serviços” de Portugal para Cabo Verde.

“Cabo Verde é um importante parceiro comercial de Portugal, sobretudo enquanto destino das nossas exportações. É na verdade o nosso 30.º cliente e, portanto, Portugal tem laços do ponto de vista comercial de importância com Cabo Verde, mesmo que os montantes sejam relativamente pouco expressivos e que importa mobilizar no sentido de fortalecer”, destacou João Neves.

Portugal é o principal fornecedor das importações cabo-verdianas, baseado sobretudo no calçado e vestuário, e segundo destino das exportações, depois de Espanha.

Ainda assim, o governante salientou que a previsão de médio e longo prazo para o investimento português em Cabo Verde passa “cada vez mais” por “setores mais diversificados”, como o agroalimentar, energias renováveis, transportes e logísticas, turismo, saúde ou formação profissional, entre outros, e mesmo como porta de entrada para o mercado da África ocidental.

“Mas Portugal manifesta todo o interesse em captar investimento cabo-verdiano para Portugal e esperamos que dentro de poucos estejamos a dar nota dessa nova tendência de Cabo Verde como investidor no exterior”, destacou o governante.

Além das trocas comerciais entre os dois países, vários grupos portugueses estão instaladas em Cabo Verde com empresas de capital cabo-verdiano.