O Hospital Pedro Hispano (HPH), Matosinhos, abre este mês o novo serviço de pediatria, um projeto que surgiu da reformulação da urgência devido à Covid-19 e evita que crianças e jovens circulem por toda a unidade hospitalar.

As crianças entram [no hospital] por um acesso específico e praticamente não têm de ir para mais lado nenhum, a não ser caso tenham algum exame na imagiologia, que fica verticalmente acima, ou tenham uma ou outra consulta mais sofisticada que implique equipamento”, descreveu o presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM), Taveira Gomes.

O novo serviço de pediatria do HPH — que terá 14 gabinetes médicos e três de enfermagem, uma sala multidisciplinar, um “cantinho de amamentação” e três camas na sala de observação, ficará ligado ao exterior pelo lado poente.

A obra custa cerca de 160 mil euros, tendo a câmara de Matosinhos comparticipado com 50 mil.

Em entrevista à agência Lusa, a propósito da preparação da ULSM para a chamada segunda vaga da pandemia da Covid-19, Taveira Gomes explicou que a nova Unidade de Saúde Infantojuvenil nascerá numa área onde funcionava até aqui a Medicina Física e de Reabilitação, que apresentava “capacidade excedentária”.

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De acordo com o médico, a reformulação da Pediatria foi precipitada pelo surto do novo coronavírus porque, “na primeira fase, foram duplicados circuitos para que doentes suspeitos ou com Covid-19 não se cruzassem com os restantes doentes”.

Isto “significou criar duas áreas de atendimento na urgência”, absorvendo o que era dedicado à central de colheitas e à área pediátrica.

Esta alteração da urgência é um modelo definitivo. Não é para responder só à Covid-19. É para responder a todas as catástrofes infeciosas, transmissíveis ou não, que possam ocorrer”, descreveu o cirurgião.

Taveira Gomes recordou que a ULSM “tem há vários anos um plano de requalificação global da urgência”, que chegou a estar estimado em mais de um milhão de euros e que tem vindo a ser alvo de revisões.

“O que estamos a fazer, está harmonizado com esse plano global”, garantiu, acrescentando que está a ser instalado um novo aparelho de TAC (tomografia computadorizada) de cerca de 80 mil euros.

O objetivo da instalação deste equipamento na urgência é evitar a circulação de utentes e manter a capacidade de resposta de todo o serviço de imagiologia, numa altura em que as até agora chamadas áreas dedicadas ao doente Covid-19 passam a ser designadas de Áreas de Doentes Respiratórios (ADR).

Prevê-se que venham a acorrer ao serviço muitos doentes com queixas respiratórias, nomeadamente os da época própria, os da gripe. Todos são, à partida, suspeitos Covid-19. Precisando de fazer TAC, fá-lo-ão no circuito da urgência, sem circular pelo hospital”, descreveu.

Já sobre a central de colheitas, que foi deslocalizada e atualmente está em contentores no exterior, Taveira Gomes adiantou que ter sido aprovado fazer o serviço regressar ao interior do hospital. A instalação da central junto à zona dedicada às consultas externas acontecerá durante a próxima semana.

Outra das novidades é o alargamento da central de call center da ULSM que junta o HPH, os agrupamentos de centros de saúde de Matosinhos e a Unidade de Média Duração e Reabilitação.

Este período mostrou que tudo o que não é presencial se tornou, de repente, tão importante quanto antevíamos que viesse a ser ao longo do tempo. Mas isso aconteceu de um dia para o outro e não havia infraestrutura para responder a isso. Estávamos num processo de implementação de um atendimento único para ULSM inteira. Também foi deliberado contratar mais profissionais [três para somar aos sete atuais]”, disse.

Questionado sobre qual antevê que seja a grande diferença entre o primeiro pico epidémico e a segunda vaga, Taveira Gomes considerou que “não existem condições na saúde para parar outra vez e nem a necessidade de identificação precoce [de patologias] permitiria isso”.