A ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Susy Barbosa, lamentou este sábado que a Guiné-Conacri não tenha informado oficialmente as autoridades de Bissau sobre o encerramento de fronteiras.

“É normal que havendo eleições procedam ao encerramento das fronteiras, não vemos isso como nada de anormal, até porque as eleições serão dentro de poucos dias. O que consideramos, até por uma questão de diplomacia e de bom relacionamento entre países vizinhos, é que seria de bom tempo informar esses países”, afirmou, em declarações à Lusa, a chefe da diplomacia guineense.

A Guiné-Conacri decretou, a 29 de setembro, o encerramento das suas fronteiras com a Guiné-Bissau, Senegal e Serra Leoa por razões de segurança e no contexto da campanha eleitoral para as presidenciais de 18 de outubro.

“Soubemos que encerraram as fronteiras não só com a Guiné-Bissau, mas também com o Senegal, não entendemos que haja motivos de segurança que justifiquem esse fecho sem comunicar às autoridades de ambos os países”, disse Susy Barbosa, salientando que a Guiné-Bissau não se pretende ingerir nos assuntos da Guiné-Conacri.

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Na Guiné-Bissau residem milhares de guineenses de Conacri, que depois de terem tido dificuldades em registar-se no consulado em Bissau começaram a tentar regressar ao país para votar.

Em março registaram-se conflitos em Bissau junto ao consulado da Guiné-Conacri, levando à intervenção policial.

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, tem relações tensas com o seu homólogo guineense Alpha Condé, que tem estado envolvido nos esforços diplomáticos para tentar resolver as crises políticas recorrentes na Guiné-Bissau.

A ausência de qualquer representante da Guiné-Conacri em 24 de setembro nas cerimónias de independência em Bissau foi notada.

Alpha Condé, 82 anos, o primeiro Presidente da Guiné-Conacri democraticamente eleito em 2010 após décadas de regime autoritário, foi reeleito em 2015.

Num referendo realizado em março, fez aprovar uma nova Constituição que mantém o limite de dois mandatos presidenciais, mas o chefe de Estado e os seus apoiantes argumentam que esta mudança na lei fundamental repõe a contagem de mandatos presidenciais a zero.

Os seus opositores denunciam um “golpe constitucional” e manifestações de contestação a uma nova candidatura de Condé mobilizaram milhares de guineenses em várias ocasiões desde outubro de 2019.

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