Dezenas de pessoas assinalaram este domingo, diante das ruínas do porto de Beirute, os dois meses da explosão na capital do Líbano que provocou a morte de 193 pessoas e que causou ferimentos a cerca de 6.500.

Pouco depois das 18:00 (15:00 GMT), no exato momento da explosão, dezenas de balões brancos nos quais estavam inscritos os nomes das vítimas foram lançados ao céu, a partir de uma avenida com vista para as ruínas do porto, relatou a agência francesa France Presse.

Várias canções libanesas foram transmitidas em altifalantes, incluindo a música “Li Beirut”, da libanesa Fairouz, uma das cantoras mais influentes no mundo árabe nos anos 60 e 70.

Alguns dos presentes seguraram retratos das vítimas, bloqueando momentaneamente a estrada, onde a cerimónia acontecia.

Os habitantes aproveitaram também o momento para demonstrar a sua raiva contra uma investigação que consideram inquinada e contra a passividade dos líderes libaneses, relatou a agência francesa France Presse.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“É pedir muito saber quem cometeu este crime contra a humanidade?”, questionou, indignada, Samia, mãe de gémeos de nove anos, que perdeu o marido que trabalhava no porto.

Salwa, que perdeu o tio, também funcionário do porto, vincou que “toda a gente envolvida e responsável por esta explosão, por este desastre, tem de ser castigada”.

Quase 3.000 toneladas de nitrato de amónio armazenadas no porto de Beirute explodiram a 04 de agosto, provocando a morte de 193 pessoas, ferimentos em cerca de 6.500 e causando danos no valor de milhões de euros.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, tem vindo a pressionar os políticos libaneses a negociarem uma solução política estável para, assim, poderem promulgar reformas urgentes.

Mas, apesar de contar com o apoio francês, Adib enfrentou vários obstáculos na cena política nacional, com os principais grupos xiitas do país, Hezbollah e Amal, a exigirem ficar com a pasta das Finanças no novo governo.

O Hezbollah e o Amal insistem em nomear os ministros xiitas do novo executivo, tendo condenado a formação do executivo sem a sua consulta.

Além do impasse político, o Líbano está mergulhado numa grave crise económica, dita como a pior da história moderna no país, já que falhou pela primeira vez o pagamento da sua dívida externa, tem uma moeda local em colapso e assiste ao aumento da inflação, da pobreza e do desemprego.