A coordenadora do BE, Catarina Martins, afirmou este domingo que existe um “impasse negocial” nas negociações com o Governo para o próximo Orçamento do Estado, quer sobre o Novo Banco, quer sobre matérias laborais ou de proteção social.

“Há infelizmente um impasse negocial em questões fundamentais”, afirmou a líder bloquista, no final da reunião da Mesa Nacional, órgão máximo do partido entre Congressos.

Questionada sobre o compromisso assumido pelo Governo de não fazer qualquer empréstimo público ao Fundo de Resolução para financiar o Novo Banco em 2021, Catarina Martins considerou que não é uma verdadeira solução.

“O que o Governo nos apresenta não é ainda uma solução, é uma espécie de truque”, criticou, considerando que se for o Fundo de Resolução a pagar ao Novo Banco haverá sempre custos para o erário público.

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Questionada se o BE ‘chumbará’ o próximo Orçamento caso o Governo não aceite ir mais longe nesta matéria – o partido propõe a capitalização direta do Novo Banco pela banca -, Catarina Martins nunca respondeu de forma clara.

“Estamos muito empenhados em criar soluções, e eu não vou começar a cenarizar impossíveis porque estamos a trabalhar para o que é possível”, disse.

Ainda assim, a líder do BE acrescentou que “ninguém compreenderia que o PS criasse uma crise política porque quer dar dinheiro à Lone Star [detentora da maioria do Novo Banco] sem investigar sequer o que se está a passar”, argumentando que existe uma “ampla maioria” no parlamento para que seja feita uma investigação independente.

“Resta uma semana até à apresentação do Orçamento do Estado, esta será uma semana de esforço para superação deste impasse”, afirmou.

Presidenciais. Apoio a Marisa Matias foi unânime

A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda formalizou hoje o apoio à candidatura presidencial da eurodeputada e dirigente do partido Marisa Matias, aprovado por unanimidade por voto secreto em urna.

O anúncio foi feito pela coordenadora do BE, Catarina Martins, no final da reunião do órgão máximo do partido entre Convenções, que este domingo se reuniu pela primeira vez presencialmente desde o início da pandemia de covid-19.

“Esta candidatura representa para o Bloco a oportunidade do debate concreto da resposta à crise, do debate sobre as condições do trabalho, dos serviços públicos, do combate às desigualdades e pela democracia”, defendeu.

A líder do BE salientou que, em 2016, Marisa Matias “teve um resultado extraordinário” na sua primeira candidatura a Belém, ficando em terceiro lugar, com 10,12% dos votos.

“Foi a mulher mais votada de sempre em presidenciais em Portugal, dá garantias de fazer esse caminho com amplo diálogo, seguramente com setores muito para lá do Bloco de Esquerda, o que é fundamental”, defendeu.

Na resolução aprovada pela Mesa, defende-se que Marisa Matias “é a candidata que confronta Marcelo Rebelo de Sousa, o candidato do bloco central, com o seu papel de defensor do sistema financeiro e obstáculo às medidas de transformação estrutural para uma economia mais justa”, num parágrafo que não foi destacado por Catarina Martins nas declarações à comunicação social.

No sábado, foram muitos os dirigentes e figuras do partido que marcaram presença na apresentação formal da candidatura de Marisa Matias, em Lisboa. Além de Catarina Martins, estiveram presentes o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, o vice-presidente da Assembleia da República José Manuel Pureza, vários deputados, os fundadores Fernando Rosas e Luís Fazenda, bem como o antigo deputado da UDP Mário Tomé (atual militante do BE).

Da reunião bloquista deste domingo ainda saiu a marcação para 22 e 23 de maio do próximo ano a XII Convenção do partido, que se realizará no distrito do Porto.

“A Mesa Nacional tinha decidido adiar a convenção do BE por causa da situação pandémica. Hoje demos início ao processo da Convenção Nacional e ficou decidido que se vai realizar a 22 e 23 de maio, no distrito do Porto. Começa hoje um processo convencional no Bloco de Esquerda”, anunciou a coordenadora do partido, Catarina Martins, no final de uma reunião do órgão máximo do partido entre convenções.

Em junho, a Mesa Nacional já tinha decido adiar para a primavera a próxima convenção do Bloco, que chegou a estar marcada para 24 e 25 de outubro, igualmente no Porto.