O presidente do CDS-PP saudou o discurso do 5 de Outubro do Presidente da República, considerando que pediu cautelas éticas na aplicação de fundos europeus, contra a “corrupção, clientelismos e compadrios”.

Numa reação à intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa nas cerimónias do 110.º aniversário da Implantação da República, Francisco Rodrigues dos Santos afirmou que, “na opinião do Presidente da República e do CDS-PP, os milhões da Europa não podem ir parar às mãos dos privilegiados, de empresas amigas do Governo, mas sim aos que mais precisam”.

“Saudar as importantes e oportunas palavras do senhor Presidente da República, em particular quando sublinhou a necessidade de acautelar valores éticos na aplicação de fundos europeus, impedindo a corrupção, clientelismos e compadrios”, referiu, em declarações aos jornalistas na sede do CDS-PP, em Lisboa.

No seu discurso, o chefe de Estado defendeu que Portugal deve “continuar a agir em liberdade” e “sempre em conformidade com a ética republicana, que repudia compadrios, clientelas, corrupções”.

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Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que a atual crise provocada pela pandemia de covid-19 é uma oportunidade para mudar instituições e comportamentos que não deve ser desperdiçada, sempre sem concretizar a que se referia.

O líder do CDS-PP reiterou as críticas que já tinha feito no sábado à proposta de lei do Governo em discussão no parlamento sobre as novas regras de contratação pública, dizendo que “sob o pretexto de flexibilizar processos, não se podem dar sinais de que se está a legalizar a corrupção”.

“Portugal não precisa de um sistema capitalista para os amigos do Governo comerem à mesa do Orçamento do Estado”, disse, defendendo que o CDS foi o primeiro partido a pedir mecanismos de fiscalização que “compatibilizem máxima transparência com um mínimo de burocracia”.

Rodrigues dos Santos voltou a desafiar o primeiro-ministro, António Costa, a esclarecer se e por que razão não vai reconduzir o presidente do Tribunal do Contas, Vítor Caldeira, apontando que o Governo socialista já tem no seu “histórico” a não recondução da anterior Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, “por ser forte com os fortes”.

Questionado se o CDS não releva o apelo feito esta segunda-feira pelo Presidente da República à “unidade no essencial”, Rodrigues dos Santos fez questão de separar dois planos.

“O CDS-PP orienta-se pela unidade, mas não a confunde com uniformidade de pensamento nem unanimismo pandémico”, afirmou, considerando que “visões diferentes para o país” valorizam a democracia.

O Presidente da República apelou esta segunda-feira à unidade no essencial na resposta à crise provocada pela covid-19, com equilíbrio entre proteção da vida e da saúde e da economia, e sem dramatização a mais nem a menos.

“O que nos diz este 05 de Outubro é que temos de continuar a resistir, a prevenir, a cuidar, a inovar, a agir em liberdade, a saber compatibilizar a diversidade com a convergência no essencial, a sobrepor o interesse coletivo aos meros interesses pessoais”, afirmou.