Estando o sistema político dos EUA refém do bipartidarismo desde os primórdios da nação e sendo o seu sistema eleitoral enviesado e obsoleto, as eleições presidenciais resumem-se sempre à disputa entre o candidato democrata e o candidato republicano, que, em termos ideológicos nem sempre são fáceis de destrinçar para quem olha da Europa (ainda que a distinção se tenha tornado mais nítida nos últimos anos em resultado da inquietante polarização da política americana).
Tal não impede que regularmente surjam candidatos exteriores à monótona opção azul/vermelho, alguns deles sem vínculos ao mundo da política e que têm a seu favor apenas a notoriedade junto das massas. Em 2020, o outsider é o rapper milionário Kanye West, cujo narcisismo e cuja exaltada opinião sobre si mesmo só têm par em Donald Trump – que, curiosamente, West começou por apoiar, antes de ter descido sobre si a óbvia ideia de que ele mesmo daria um muito melhor Presidente dos EUA.
Não foi a primeira vez que um músico famoso concorreu a presidente: em 1964, com o país ainda a recuperar da comoção do assassinato de John F. Kennedy e a luta pelos direitos cívicos ao rubro, o trompetista Dizzy Gillespie (1917-1993) propôs-se para o cargo, ainda que não figurasse nos boletins de voto – Gillespie propunha que os eleitores escrevessem o seu nome no boletim que dava a escolher entre Lyndon B. Johnson (Democrata) e Barry Goldwater (Republicano).
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