A identificação de pessoas que podem ter estado em contacto com casos positivos de SARS-CoV-2 é a forma de contenção dos surtos defendida, de forma geral, pelos centros de controlo e prevenção da doença norte-americano, europeu ou chinês. Mas, de acordo com a imprensa norte-americana, pouco estará a ser feito nesse sentido. Pior, um antigo diretor da agência do medicamento (FDA) disse que não foi feito o suficiente para proteger o Presidente de uma possível infeção.

“A unidade médica da Casa Branca, em colaboração com os CDC [Centros de Controlo e Prevenção da Doença dos EUA] e os departamentos saúde estaduais e locais, está a conduzir todo o rastreamento de contactos de acordo com as orientações dos CDC”, disse, em conferência de imprensa, Sean Conley, médico da Casa Branca. Mas nem os CDC, nem as autoridades de saúde locais confirmam esta informação, segundo a revista Time.

Uma das viagens de Trump, antes de se saber que estava infetado, foi ao estado do Minnesota para uma angariação de fundos e um comício. O porta-voz do Departamento de Saúde do estado, Doug Schultz, disse à revista Time que não recebeu qualquer contacto da parte da Casa Branca ou da campanha de Trump sobre o rastreamento de contactos. No Departamento de Saúde da cidade de Duluth, onde esteve o Presidente, também não. A mesma resposta foi recolhida pela Time noutros locais.

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O porta-voz da Casa Branca, Brian Morgenstern, por sua vez, diz que as normas dos CDC foram cumpridas no que diz respeito ao rastreamento de contactos: “O Presidente não teve interações que pudessem ser consideradas contactos próximos segundo as orientações dos CDC, que são mais de 15 minutos a menos de dois metros”.

Diferente caso é o de Chris Christie, antigo governador de Nova Jérsia, que teve um contacto muito mais próximo com o Presidente, uma vez que o ajudou a preparar o primeiro debate da campanha presidencial. À CNN disse que não tinha recebido qualquer informação da equipa de Trump em relação ao rastreamento de contactos. Christie é uma das pessoas do círculo próximo de Trump que testou positivo.

Donald Trump também não tomou as devidas medidas de prevenção para evitar a disseminação do vírus noutros locais. O Presidente soube que Hope Hicks estava infetada antes de descolar para a angariação de fundos no seu clube de golfe, em Bedminster (Nova Jérsia), na quinta-feira, e deveria ter ficado em quarentena por precaução, mas, pelo contrário, foi ao evento e não usou máscara.

Depois de saber que o Presidente estava infetado, o Departamento de Saúde de Nova Jérsia e as autoridades locais começaram o seu próprio esforço de rastreamento de contactos. O governador Phil Murphy disse que haverá uma investigação sobre se Trump violou as regras do estado, neste período de emergência, por causa do comportamento imprudente (de ter tido um contacto com uma pessoa infetada antes da visita ao estado).

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Scott Gottlieb, antigo diretor da FDA (agência norte-americana do medicamento) disse à CNBC que a Casa Branca não tomou as devidas medidas preventivas para evitar que o Presidente norte-americano fosse infetado.

Uma política de prevenção baseada exclusivamente em testes  — como parece ser o caso na Casa Branca — é insuficiente, disseram os especialistas citados pela CNBC. Pior quando se tratam de testes rápidos que têm uma alta proporção de resultados errados. As máscaras e o distanciamento físico são duas medidas importantes que não foram implementadas no círculo próximo de Trump.

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