Dez anos depois de ter aparecido, o Instagram está nostálgico. Entre as novidades lançadas para celebrar o décimo aniversário, está o regresso dos primeiros ícones da app, lançados em 2010 e 2011, e que lembram as máquinas fotográficas Polaroid. Na versão atualizada da aplicação, os utilizadores vão poder agora personalizar a forma como o ícone aparece no ecrã do smartphone ou tablet. As opções incluem diferentes cores e o regresso dos clássicos.

A partir desta terça-feira é possível alternar entre vários ícones

Além dos ícones personalizáveis, a versão atualizada do Instagram também vai permitir fazer um mapa privado das stories (partilhas que desaparecem em 24 horas) dos últimos três anos. Esta opção está disponível nos arquivos da aplicação, no menu no canto superior direito, e os mapas são privados — cada utilizador vê o seu.

Outra das apostas da rede social, que é detida pelo Facebook, é a saúde mental e o bem-estar dentro da plataforma. Neste âmbito, o Instagram tem duas novidades que prometem reduzir as interações negativas, como o assédio ou o bullying. Assim, a app já começou a testar uma opção que permite esconder automaticamente comentários negativos (que a aplicação deteta serem semelhantes a alguns comentários reportados no passado) e vai expandir os alertas aos utilizadores que tentam repetidamente publicar comentários que podem ser ofensivos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“No centro de todas estas transformações, a comunidade permanecerá sendo o coração do Instagram. A nossa principal preocupação continuará a ser manter as pessoas seguras e criar novos recursos para combater o bullying, melhorar a equidade, promover a justiça e ajudar as pessoas a se sentirem apoiadas”, escreveu Adam Mosseri, diretor do Instagram, numa publicação no site da rede social.

Num evento de celebração que decorreu online na tarde desta terça-feira, o Instagram Next, Adam Mosseri reforçou o compromisso da plataforma na luta contra o cyberbullying e a desinformação. “Como podemos enfatizar o bom e minimizar o mal? Porque a tecnologia não é boa nem má, é amplificadora. E pode ser amplificadora de coisas boas, mas não queremos que amplifique coisas más, como a desinformação“, disse.

No centro da atenção da rede social parecem estar os mais jovens. Mosseri explica que são eles a prioridade, porque, agora, o bullying não fica na escola, continua por todo o lado através das redes sociais. “Uma das áreas em que nos focámos foi esta e aí priorizamos os mais jovens, porque isto agora persegue-te para onde quer que vás. Queremos dar poder a quem é alvo de bullying, por exemplo, com a opção de restringirmos alguém, porque as crianças não bloqueiam quem lhes faz bullying”, esclarece o diretor da rede social.

Uma das mais recentes ferramentas do Instagram permite aos utilizadores restringir a esfera de ação de alguns seguidores no seu perfil. Como? Fazendo com que seus comentários desagradáveis desapareçam das publicações sem que quem os fez o saiba. Se essa pessoa estiver restrita, continua a ver os seus comentários, mas mais ninguém os vê — e o utilizador em questão não é avisado. Ao ativar esta opção, as mensagens privadas dos utilizadores restritos também não aparecem na caixa principal, mas na que está destinada a quem não é seguidor — ou seja, o utilizador pode decidir se quer abri-la ou não.

Para o futuro, há mais iniciativas pensadas: “Vamos tentar criar formas de gerir comentários. Temos de pensar nas ferramentas que podemos dar às pessoas para que tenham mais poder de ação, mas também temos de criar outras ferramentas para evitar que este tipo de coisas aconteça”, acrescentou.

Recentemente, a rede social começou a usar um novo recurso que utiliza inteligência artificial para notificar as pessoas quando o comentário que estão a fazer aparenta ser ofensivo. “Essa intervenção dá às pessoas a oportunidade de refletir e desfazer comentários, além de impedir que o destinatário receba uma notificação com o comentário nocivo. Nos primeiros testes que fizemos com este recurso, descobrimos que isso incentiva algumas pessoas a desfazer comentários e a compartilhar algo menos ofensivo”, lê-se num texto partilhado no blogue da empresa.

Confrontado com o problema dos bots — softwares inteligentes que interagem com publicações como se fossem pessoas reais –, Adam Mosseri esclareceu que o Instagram também está à procura de formas mais céleres de identificar este tipo de programas.

Todas as mensagens num só sítio e a aposta nos vídeos

Outra das novidades apresentadas no final da semana passada é a possibilidade de integrar as mensagens privadas trocadas no Instagram na app do Messenger, centralizando num só sítio as duas plataformas de chat. Cada utilizador pode decidir se quer ter esta opção na app de partilha de imagens.

“Mais do que nunca, as pessoas estão a comunicar em ambientes privados. (…) Estamos a conectar ambas as experiências, trazendo os melhores recursos do Messenger para o Instagram. Assim, podemos ter acesso à melhor experiência de troca de mensagens, independentemente da aplicação usada. Os utilizadores do Instagram podem decidir atualizar ou não para essa nova experiência imediatamente”, explicou a rede social a 29 de setembro.

Para quem costuma fazer compras online, há outra novidade: o Instagram vai permitir fazer compras diretamente nos vídeos que são partilhados nas stories e, para breve, estará a opção de fazer compras diretamente nos Reels, os vídeos muito curtos (no máximo com 15 segundos) que o Instagram lançou este ano para concorrer diretamente com a app chinesa TikTok.

Instagram lançou ferramenta Reels. Será este um potencial rival da TikTok?

No horizonte futuro da empresa liderada por Mark Zuckerberg continua a aposta nos conteúdos em vídeo. Adam Mosseri explica que a rede social “vai investir muito” neste segmento — em obter dados sobre o tempo que as pessoas passam a visualizar stories, Reels ou outros vídeos publicados no IGTV (a ferramenta do Instagram só para partilhas de vídeos), que tipo de conteúdo vêem, para que depois possam passar essa informação aos criadores/utilizadores.

Durante o Instagram Next, vários criadores de conteúdos digitais falaram sobre o papel que a rede social está a ter na partilha e defesa de várias causas e Charles Porch, responsável pelos programas criativos da rede social, lembrou vários momentos marcantes dos últimos dez anos: o momento em que, em 2014, o astronauta Steven R. Swanson partilhou a primeira selfie tirada no espaço; o recorde que a foto de um ovo bateu em 2019, o momento em que Beyoncé partilhou com o mundo a sua gravidez no Instagram; ou aquele em que a jogadora Tayla Harris, da Liga de Futebol da Austrália, publicou uma foto que deu início a uma discussão nacional sobre sexismo no desporto.