Os líderes dos principais grupos parlamentares europeus apelaram esta terça-feira ao Conselho Europeu a incluir o chefe de Estado bielorrusso, Aleksander Lukashenko, na lista de sanções aprovada na última cimeira europeia, que terminou na passada sexta-feira.

Em sessão plenária que contou com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o líder do grupo do Partido Popular Europeu (PPE), Manfred Weber, saudou o “pacote de sanções aprovadas” contra o regime bielorrusso mas frisou que se trata de “um caso típico de copo meio vazio, copo meio cheio”.

Onde está Lukashenko na lista? Onde está o cérebro por trás de todo o sistema bielorrusso?”, interrogou o eurodeputado democrata-cristão.

Também o líder do grupo liberal, Renew Europe (RE), Dacian Ciolos, realçou a ausência do líder bielorrusso na lista de sanções.

A União Europeia (UE) tem que se tornar numa potência geopolítica, mas como é que pode se pode definir como tal se demorou quase dois meses a aprovar um pacote de sanções contra o regime de Lukashenko e, quando as aprovou, não incluiu o próprio?”, disse Ciolos.

Já o copresidente do grupo dos Verdes (Verdes-EFA), Philippe Lamberts, denunciou a lista de sanções, afirmando que se garantiu que “o autocrata é poupado” quando, há dois dias, “as forças de choque bielorrussas detinham 11 repórteres e uma adolescente de 13 anos”.

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Marco Zanni, líder do grupo Identidade e Democracia (ID), sublinhou que a decisão tomada faz com que os “ditadores estrangeiros gozem connosco”.

Conseguiram sancionar a Bielorrússia esquecendo-se do líder do país, o principal responsável por tudo o que se está lá a passar”, salientou o líder do grupo de extrema-direita.

Justificando a ausência de Lukashenko na lista, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, referiu que “as sanções não são um objetivo em si, são um instrumento: quando ativadas, podemos decidir se as aumentamos, diminuímos, eliminamos ou prolongamos”.

“Relativamente ao caso da Bielorrússia, nós apelamos a um diálogo nacional inclusivo e, vamos voltar com frequência à questão, para ver como devemos agir e tomar decisões em função das dos desenvolvimentos, negativos ou positivos, que forem ocorrendo na Bielorrússia”, sublinhou Charles Michel.

As presidenciais de 9 de agosto na Bielorrússia deram a vitória a Alexander Lukashenko, com 80% dos votos, no poder há 26 anos, o que é contestado pela oposição e não é reconhecido pela UE. Desde então, bielorrussos têm protestado nas ruas, em manifestações reprimidas pelas autoridades. Svetlana Tikhanovskaya, a principal rival de Lukashenko, obteve 10%.

Apelando nas conclusões da última cimeira ao “início de um diálogo nacional inclusivo” e ao fim da “violência e repressão” na Bielorrússia, o Conselho Europeu tinha aprovado um pacote de sanções a figuras de proa do regime bielorrusso. Os líderes dos 27 voltam a reunir-se a 15 e 16 de outubro para nova reunião do Conselho Europeu.