Depois do gesto irrefletido que lhe valeu a derrota por desqualificação na quarta ronda do US Open, e que fez nos dias seguintes correr muita tinta sobretudo relacionada com a juiz de linha atingida pela bolada do sérvio, Novak Djokovic regressou aos courts (após ter ficado sem pontos nem prize money no Grand Slam americano) da melhor forma com um triunfo no Masters 1.000 de Roma, batendo na final o argentino Diego Schwartzman em dois sets. Seguia-se Roland Garros e um aguardado duelo com Rafa Nadal numa final antecipada ainda antes do arranque do torneio francês. As vitórias continuaram. A pontaria, ou o excesso da mesma, também.

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Após os triunfos pela margem máxima frente ao sueco Mikael Ymer, ao lituano Ricardas Berankas e ao colombiano Daniel Elahi Galán, o número 1 do ranking mundial derrotou o russo Karen Khachanov por 6-4, 6-3 e 6-3, estando já nos quartos da prova. No entanto, voltou a haver um “caso” no encontro do sérvio, desta vez em jogo, de forma acidental e sem qualquer polémica à mistura: numa tentativa de resposta a um serviço do jogador de leste com ângulo mais aberto, Novak Djokovic voltou a acertar com a bola num juiz de linha. “É um pesadelo. Foi um serviço bem colocado, aberto, ele esticou-se todo e acertou no juiz de linha. É uma situação totalmente diferente da outra [no US Open], durante o ponto, mas tenho a certeza que tinha o coração na boca naquele momento…”, analisou Tim Henman, antigo jogador britânico de top 10 que é hoje comentador do Eurosport.

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“Foi um déjà vu estranho. Estou a tentar descobrir o nome do juiz de linha para saber se está bem, fiquei com a sensação de que tinha uma pequena marca. Levou com a bola mesmo na cara, foi muito duro. É claro que isto será notícia porque me aconteceu aquilo no US Open mas acontece dezenas de vezes a todos os tenistas ao longo da carreira”, comentou o jogador na conferência após o encontro. E como uma coincidência nunca vem só, o próximo jogo, nos quartos, será contra o espanhol Pablo Carreño Busta, o mesmo jogador que beneficiou da desqualificação do sérvio no US Open, onde chegou a umas inéditas meias frente a Alexander Zverev.

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E se é certo que Djokovic voltou a ser ele mesmo, não só pela superioridade nos courts (leva 31-0 em 2020, a que se junta o tal encontro no Grand Slam americano) mas também pelos momentos de boa disposição como um onde fez questão de ajudar os elementos da organização a espalhar o pó de tijolo no fundo do campo para apagar marcas, também o foi fora da competição, pela forma como defendeu uma maior utilização da tecnologia no ténis.

“Com todo o respeito pela tradição e cultura que temos neste desporto, quando diz respeito às pessoas presentes no court durante um encontro, incluindo juízes de linha, não vejo razão para estarem em todos os torneios do mundo com os avanços das tecnologias. Não há nenhuma razão para os juízes de linha continuarem em court, é a minha opinião. Claro que percebo que a tecnologia é cara mas sinto que estamos todos a ir nesse sentido e mais cedo ou mais tarde não vai haver razão para manter os juízes de linha. Depois, provavelmente, teria menos chances de fazer o que fiz em Nova Iorque”, assumira na conferência com humor à mistura. No dia seguinte, Novak Djokovic voltou mesmo a ser o terror dos juízes de linha, num lance que não demorou a tornar-se viral.