Os festivais e as mostras de cinema continuam a resistir à pandemia. Agora, é a vez da Festa do Cinema Francês, que apresenta, com todas as devidas medidas de segurança, a sua 21ª edição em Lisboa, entre dias 8 e 21 de Outubro, no Cinema São Jorge e na Cinemateca. A grande novidade deste ano é  a transmissão de uma seleção de filmes em “streaming” para todo o território português, em paralelo à exibição em sala. Há também uma secção extra, Segunda Chance, em que se verão fitas que estavam em cartaz em Portugal mas viram a sua carreira interrompida por causa da Covid-19. A Retrospetiva deste ano é dedicada a Delphine Seyrig. A Festa 2020 levará ainda uma seleção de filmes a Almada (dias 14 a 18, Fórum Municipal Romeu Correia), Coimbra ( dias 21 a 24, Teatro Académico Gil Vicente) e Porto (dia 26 de Outubro a 4 de Novembro, Rivoli e Trindade). Fizemos uma seleção de filmes desta 21ª edição referindo-nos aos seus intérpretes. (Ver aqui toda a programação aqui)

Gérard Depardieu & Michel Houellebecq

Mas que diabo fazem o ator e o escritor interpretando-se a si mesmos (ou a versões próximas de si mesmos) e internados num estabelecimento de talassoterapia em “Thalasso”, de Guillaume Nicloux? Conversam sobre vários temas, fumam à socapa, bebem muito vinho e procuram sobreviver à dieta rigorosa que ali lhes é imposta. Nicloux já dirigiu Houellebecq noutro filme auto-referencial, O Rapto de Michel Houellebecq (2014), onde o autor de Submissão é raptado por três amadores.

Juliette Binoche

Estamos na França dos anos 60 em “Manual da Boa Esposa”, uma comédia dramática de Martin Provost. Paulette Van der Beck (Binoche) dirige, com o marido, uma escola de formação doméstica, onde ensina raparigas a mulheres a serem boas donas de casa e esposas. De súbito, Paulette vê-se viúva e falida. E vê também regressar o homem que foi o seu primeiro amor, ao mesmo tempo que à sua volta se levantam os ventos de tempestade do Maio de 68.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Isabelle Huppert

Ela chama-se Patience Portefeux (Huppert) e em “Agente Haxe”, vive uma existência monótona e mal remunerada como polícia tradutora de francês e arábico. Um dia, descobre que um dos traficantes de droga das escutas que tem que traduzir é filho da enfermeira da sua mãe. Patience decide ir falar com ele e acaba do outro lado da lei, transformada em grande “dealer” de haxixe, na companhia de um cão-polícia “reformado”. Jean-Paul Salomé assina esta comédia policial.

Catherine Deneuve

Nada como estar no seio da família, sobretudo quando há um aniversário, e melhor ainda se a data for redonda. Andréa (Deneuve) prepara-se, em “Festa de Família”, de e com Cédric Khan, para celebrar os 70 anos junto de todos os seus. Ou quase. Falta apenas Claire, a sua filha mais velha, desaparecida há três anos. Que regressa de repente, com a intenção de receber tudo aquilo a que tem direito, e comprometendo o ambiente da festa de anos da mãe.

Fabrice Luchini

É sobre um duplo mal-entendido que repousa o enredo de “O Melhor Ainda Está Para Vir”, com Fabrice Luchini no papel de Arthur Dreyfus, um professor universitário neurótico, divorciado e solitário. Arthur julga que o expansivo, boémio e irresponsável César (Patrick Bruel), seu amigo de infância, tem poucos meses de vida, e vice-versa, por isso vão ambos tentar recuperar o tempo perdido. Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte realizam.

Valérie Donzelli

Maud é uma arquiteta frustrada e mãe solteira com dois filhos, que tem a oportunidade profissional da sua vida ao conseguir ganhar o concurso para a renovação da área em frente à Catedral de Notre Dame. E ao mesmo tempo, reencontra o seu ex-namorado. A atriz, argumentista e realizadora Valérie Donzelli mostra mais uma vez a sua grande versatilidade ao filmar, participar na escrita do argumento (com Benjamin Charbit) e interpretar “Notre Dame”, uma comédia bem parisiense.

Lambert Wilson

Há 80 anos, com os franceses ainda sob o choque da invasão alemã, o general Charles de Gaulle fez o histórico apelo aos seus compatriotas, em Londres, aos microfones da BBC, no dia 18 de Junho de 1940. Lambert Wilson interpreta-o neste filme realizado por Gabriel Le Baumin. “De Gaulle” recria esses tempos dramáticos em que o futuro presidente de França se separou da família e exilou em Inglaterra, enquanto a mulher Yvonne e os três filhos se lançaram nas estradas do êxodo.

Charles Aznavour

Em 1948, Edith Piaf ofereceu a Charles Aznavour uma câmara de filmar portátil que ele nunca mais largou, passando a registar, até ao início da década de 80, os mais variados aspetos da sua vida: viagens, paisagens, concertos, amores, amigos, chatices e desgostos. O documentário “O Olhar de Charles”, assinado pelo falecido cantor e pelo seu amigo Marc Di Domenico, é uma seleção de uma série momentos desse “diário visual” feito por Aznavour durante mais de 30 anos.

Delphine Seyrig

Além de atriz que no cinema foi dirigida por nomes como Alain Resnais, Marguerite Duras, Joseph Losey, François Truffaut, Luis Buñuel ou Chantal Akerman, Delphine Seyrig (1932-1990) foi também uma militante feminista muito radical. Seyrig assinou vários trabalhos documentais sobre os direitos das mulheres no seio do coletivo Les Insoumuses, que fundou nos agitados anos 70 com Carole Roussopoulos, Ioana Wieder e Nadja Ringart. A retrospetiva que a Festa do Cinema Francês dedica este ano a Delphine Seyrig e que decorre na Cinemateca, abrange essas duas componentes da sua carreira: atriz e realizadora de intervenção socio-política.