O Governo libanês em funções atualizou esta terça-feira para 202 as mortes na explosão que assolou o porto de Beirute há dois meses, aguardando ainda respostas das autoridades de Moçambique a um pedido de esclarecimentos feito há duas semanas.

Num comunicado, o executivo mantém em cerca de 6.500 o total de pessoas que ficarem feridas na explosão de 2.750 toneladas de nitrato de amónio, salientando que continuam desaparecidas nove outras – três libanesas, cinco sírias e uma egípcia.

Pouco mais de dois meses depois do incidente, que deixou também cerca de 3.000 pessoas sem habitação, está ainda por explicar a origem da explosão do fertilizante que estava há seis anos armazenado no porto da capital libanesa.

A Agência Nacional de Notícias (ANN) libanesa indicou esta terça-feira que o procurador encarregado de esclarecer o incidente, Ghassan Oueidat, disse ao juiz que lidera a investigação, Fadi Sawan, ter havido indicações das autoridades judiciais da Jordânia sobre o navio “Roussos”, de onde proveio o nitrato de amónio.

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Segundo Oueidat, o navio partiu em 2013 da Geórgia com destino a Moçambique e tinha previsto uma escala no porto de Aqaba, na Jordânia, mas acabou por seguir para o de Beirute, onde o fertilizante foi descarregado num dos silos.

No entanto, segundo a ANN, a justiça libanesa esperava já ter em mãos uma resposta das autoridades moçambicanas para esclarecer as razões pelas quais o fertilizante não seguiu para Moçambique com a carga e bordo e porque foi descarregado em Beirute.

Há cerca de uma semana, o juiz Saiwan emitiu ordens de detenção, através da Interpol, contra o proprietário do navio, um indivíduo de nacionalidade russa.

Até agora, cerca de duas dezenas de pessoas foram detidas no Líbano, numa altura em que prosseguem os interrogatórios a figuras política e responsáveis de segurança.

O Presidente do Líbano, Michel Aoun, reconheceu, dias depois da explosão, que sabia da existência de uma “grande quantidade” de nitrato de amónio armazenada no porto de Beirute.

O Líbano vive uma das piores crises da sua história, agravada por uma paralisia política provocada pelas demissões registadas após a explosão de 04 de agosto, tanto do primeiro-ministro de então, Hassan Diab, como o que o sucedeu, Moustapha Adib, esta já a 26 de setembro passado.