O Partido Ecologista Os Verdes (PEV) questionou o Governo sobre o abate de árvores numa área de 40 hectares na Serra da Lousã e excluiu a possibilidade de se tratar de uma ação de desbaste, foi esta terça-feiraanunciado.

“Não considera o Ministério do Ambiente e da Ação Climática que um abate indiscriminado deste tipo, para além de destruir o habitat e colocar em causa a paisagem, pode acentuar a erosão do solo e a proliferação de espécies invasoras como as acácias?”, perguntam os Verdes, numa interpelação escrita apresentada na Assembleia da República.

O PEV quer saber se o executivo de António Costa “tem conhecimento que está a decorrer o corte raso de árvores”, próximo do Talasnal, lugar que integra a rede turística Aldeias do Xisto, “em plena área da Rede Natura 2000”, no concelho da Lousã, distrito de Coimbra. “Tendo em consideração que a grande mancha florestal que está a ser abatida encontra-se na Rede Natura 2000, que medidas o Governo pensa tomar para travar este corte indiscriminado e salvaguardar os valores paisagísticos e ambientais daquela zona?”, pergunta.

Através da iniciativa da deputada Mariana Silva, o partido pergunta ainda se o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) “realizou ações de monitorização no local”, desde 2017, tendo em conta que “a zona está inserida em território do Sistema Nacional de Áreas Classificadas”.

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“Em caso afirmativo, foram detetados cortes indiscriminados de árvores e que tipo de espécies foram abatidas?”, acrescenta. A parlamentar ecologista sublinha que “não se trata das ações de desbaste que o Governo referiu como necessárias, mas sim de ações de corte raso”.

Em 2017, o PEV já tinha questionado o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural “sobre o eventual corte raso de árvores, por particulares, numa área estimada em 40 hectares”, no mesmo local da Serra da Lousã.

A área em causa da Rede Natura 2000 envolve um povoamento de pinhal e “o centenário e maior soito da Serra da Lousã”. Há três anos, na resposta a Os Verdes, o Governo, “além de referir que tinha sido realizada uma visita ao local”, onde ainda não tinha ocorrido qualquer abate de árvores, “mencionou que os terrenos são privados, não competindo ao ICNF a sua gestão”, e admitiu que haveria “necessidade de ações de desbaste, em particular na área de pinhal com cerca de 20 a 30 anos, dada a elevada densidade”.