Lembra-se do Mini original? Em vez de ter o velocímetro bem à frente dos olhos do condutor, colocava-o ao centro do tablier, uma solução invulgar e pouco prática, mas que permitia ao fabricante simplificar a produção, quer se tratassem de unidades destinadas a países com direcção à esquerda ou à direita. Pois bem, a Volvo retoma de certa forma essa ideia, mas a um nível bem mais complexo. O fabricante nórdico patenteou uma tecnologia que permite que o volante e o painel de instrumentos possam ser deslocados de um lado para o outro, com isso alterando radicalmente a ideia que temos do lugar do condutor.
O construtor sueco não fez qualquer comentário acerca do sistema patenteado que, inclusivamente, prevê a possibilidade de colocar os comandos do veículo ao centro, qual McLaren F1 de 1992 ou, mais recentemente, o novo superdesportivo T.50, também ele projectado por Gordon Murray. O esquema que sugere uma posição de condução central implicaria a utilização de um banco corrido à frente.
A ideia é operacionalizada com recurso a uma calha para deslocar o volante, sendo que a direcção, por ser by-wire, continuará funcional independentemente da posição em que se encontra. Já a instrumentação é explorada em dois graus de sofisticação. A opção mais vanguardista passa por integrar no tablier um ecrã digital a toda a largura que, em função da posição do volante, exibiria por detrás deste os dados relativos à condução. A alternativa mais simples é incorporar um display mais pequeno, que se move solidariamente com a coluna da direcção.
Mas, então que é que acontece aos pedais e à caixa de velocidades? Neste caso, a patente consegue ser ainda mais surpreendente, pois se o comando da transmissão pode deslizar por calhas tal como os bancos, a pedaleira é substituída por uma espécie de almofadas sensitivas… Na prática, tratar-se-á de revestir o piso do veículo com painéis que respondem à pressão/toque, devidamente dispostos ao longo de toda a largura do veículo, ficando activas apenas as “almofadas” com sensores accionados hidráulica ou pneumaticamente, cujo alinhamento corresponde à posição do volante.
Mais do que baixar os custos de produção, esta flexibilidade na definição do lugar do condutor destina-se essencialmente a preparar a condução autónoma. Por um lado, a patente defende que há vantagens em “pôr para o lado” o volante quando este não é necessário, permitindo aos ocupantes do veículo aproveitarem melhor o espaço disponível no habitáculo e o tempo que despendem na viagem, a ler um livro ou a ver um filme, por exemplo. Por outro lado, esta tecnologia permite que onde quer que o condutor esteja, desde que seja à frente, possa rapidamente assumir o controlo da máquina, o que incutiria um grau de segurança acrescido nas deslocações com tecnologia de condução autónoma de nível 3 ou 4. Isto é, sistemas que basicamente dispensam o condutor, mas prevêem que este possa ser chamado a intervir em situações críticas. Entretanto, recorde aqui como é que o fabricante sueco antecipa o nível 5, no concept 360c: