Agentes da polícia do Brasil cumpriram esta quinta-feira mandados de prisão contra cinco pessoas, além de buscas e apreensões contra seis investigados na operação Sangria, que apura supostos desvios de dinheiro no estado do Amazonas durante a pandemia.

“A segunda fase da operação tem o intuito de aprofundar a apuração sobre uma organização criminosa instalada no governo do Amazonas com o objetivo de desviar recursos públicos destinados a atender às necessidades da pandemia de Covid-19 “, diz um comunicado do Ministério Público Federal (MPF) brasileiro.

O vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida, foi alvo das buscas. Entre os que tiveram prisão temporária cumprida os “media” locais identificaram o ex-secretário de Saúde do Amazonas Rodrigo Tobias e a ex-secretária executiva da pasta Daiana Mejia. Contra outro investigado, apontado como homem de confiança do governador do Amazonas, Wilson Lima, e que não teve sua identidade revelada, foram expedidos mandados de busca e apreensão, mas também de prisão temporária por cinco dias.

Os investigados são suspeitos de práticas como peculato, branqueamento de dinheiro e também de promover a dispensa de licitação fora das hipóteses previstas em lei num alegado esquema de compra fraudulenta de 28 ventiladores pulmonares que teria movimentado 2,9 milhões de reais (440 mil euros), com envolvimento direto do topo do poder do estado.

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Um laudo pericial da PF atestou supervalorização de 133,67% na compra dos respiradores feita pela Secretaria de Saúde do Amazonas com dispensa de licitação.

Os aparelhos foram fornecidos por empresa especializada no ramo de bebidas alcoólicas, denominada “Vineria Adega”.

O MPF frisou que as medidas cautelares contra os suspeitos, que incluem o sequestro de bens e valores dos investigados foram determinadas pelo juiz Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e requeridas pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo.

De acordo com as investigações, um homem de confiança do governador do Amazonas teria sido destacado “para intermediar as aquisições fraudulentas de respiradores e financiá-las, tendo sido responsável por indicar a loja de vinhos que vendeu os aparelhos ao estado”.

“Provas reunidas na primeira fase da Sangria mostram que o governador Wilson Lima exercia domínio completo não apenas dos atos relativos à aquisição de respiradores para enfrentamento da pandemia, mas também das demais ações governamentais relacionadas à questão, no bojo das quais atos ilícitos teriam sido praticados”, explicou o MPF.

Os procuradores acrescentaram que o vice-governador do Amazonas tinha grande influência na gestão da Secretaria de Saúde, pasta na qual atuou durante os três primeiros meses de governo. “As provas apontam que a cúpula da Secretaria de Saúde se reportava frequentemente ao vice-governador para tratar de contratos da área de saúde, inclusive sobre pagamentos”, frisou a nota do MPF.

Para a procuradora Lindôra Araújo, existiu “uma verdadeira organização criminosa que se instalou na estrutura do governo do estado do Amazonas, com o objetivo de desviar recursos públicos destinados a atender às necessidades da pandemia de Covid-19”.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de cinco milhões de casos e 148.228 óbitos), depois dos Estados Unidos. A pandemia de Covid-19 já provocou mais de um milhão e cinquenta e sete mil mortos e mais de 36,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.