Em qualquer outra altura, ter um virologista a explicar como receber convidados para, por exemplo, um jantar em casa faria pouco ou nenhum sentido. Mas, em plena pandemia, o cenário mudou e as regras apertaram para qualquer situação que envolva interação social. Na Bélgica, e face ao aumento de novos casos de Covid-19, o governo anunciou medidas mais restritivas que entram em vigor esta sexta-feira. Uma das novas regras é o limite de quatro pessoas juntas em simultâneo, excluindo as crianças com menos de 12 anos.

Para o virologista belga Yves Van Laethem, as novas restrições não têm de significar o desaparecimento da vida social, desde que sejam seguidas determinadas regras. Para ilustrar essa afirmação, Van Laethem deu um conjunto de recomendações para os jantares organizados em casa. “O que devem tentar fazer ao convidar as pessoas para a vossa casa é aplicar o que se faz nos restaurantes”, explicou em conferência de imprensa. Porquê? “Porque não há sinal de que a contaminação esteja a acontecer nos restaurantes. Se conseguirem seguir estas regras de ouro não deverá haver problema”, assegurou o virologista. Eis o que fazer durante as “quatro fases” de um jantar em tempo de pandemia, de acordo este virologista belga, citado pela RTL.

1.ª fase: o convite

Engane-se quem pensa que as regras começam apenas quando os convidados chegam ao local combinado. Agora, mais do que nunca, é necessário planear, convidar e informar todos sobre as regras que vão ser estabelecidas. Para que não haja surpresas. “Deixem claro que cartas estão em cima da mesa. Vocês não vão a casa de uma pessoa se tiverem sintomas ou se tiverem tido um contacto de risco ou estiverem à espera do resultado de um teste”, explica Yves Van Laethem.

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2ª fase: o acolhimento dos convidados

Ao abrir a porta, todos os convidados e o anfitrião devem estar a de máscara, “como acontece num restaurante”. Já os cumprimentos deixam de ser através de beijinhos ou apertos de mão e passam a ser com os cotovelos ou o tornozelo “quando não fazem parte do círculo próximo de amigos ou familiares”, acrescenta o virologista.

À entrada, refere, todos devem tirar os casacos e colocar num local apropriado. A entrada na casa deve ser feita o mais rápido possível, uma vez que, por regra, os hall são mais estreitos e podem não permitir cumprir o distanciamento aconselhado. Yves Van Laethem diz ainda que todos devem ir diretos para o sítio onde vai decorrer o jantar, sem tocar nos objetos da casa. Todos devem manter um distanciamento de 1,50m entre si, exceto os que fazem parte do mesmo círculo familiar.

3.ª fase: a refeição

Chegados à mesa, os convidados podem tirar a máscara para comer (e também se estiverem no sofá). Mas, atenção: as máscaras não devem ser colocadas ou deixadas em qualquer lugar. “Coloquem um envelope onde o convidado possa guardar a sua máscara, por exemplo. O convidado deve vir com uma máscara, mas pode não trazer um recipiente para colocá-la quando não a tem no rosto. É um gesto educado”, comenta o especialista.

Em cima da mesa deverá também estar mais uma embalagem, além das garrafas de vinho, cerveja, água ou sumo: um frasco de álcool-gel para todos desinfetarem as mãos. “O anfitrião deve servir-vos de máscara, como num restaurante. Se algum convidado tiver que se levantar para ir à casa de banho deve ser aconselhado a também utilizar máscara”, acrescenta.

Já os convidados “terão o direito a ser rudes”, brinca o virologista. Confuso? “Porque vão ter o direito de não ajudar a servir nem a limpar, por exemplo. O que antes era visto como sendo rude agora é uma forma de respeito. Que vai desaparecer, espero eu, nos próximos meses”, sublinha o virologista. Deve-se também evitar utilizar pratos, copos e talheres comuns, buffets e contactos cruzados.

4ª. fase: a conversa

Primeira regra: evitar cantar, gritar ou falar mais alto do que o normal. “Emitimos dezenas de partículas a mais quando falamos alto ou quando cantamos”, especifica Yves Van Laethem. Por isso, deve-se evitar, por exemplo, colocar a música demasiado alto para que os convidados não tenham que gritar para se fazerem ouvir.

Nas casas de banho deve haver sempre álcool-gel ou sabão, “que funciona tão bem quanto o desinfetante”. É também aconselhável que a casa esteja ventilada. “O objetivo é evitar que partículas virais permaneçam na sala. Por isso, é preciso abrir um pouco as janelas, se possível duas janelas para criar uma pequena corrente de ar”, refere.

Por fim, e já depois do jantar, todos devem estar atentos ao estado de saúde uns dos outros e, em caso de um resultado positivo, todos devem ser avisados. “Manter a vida social é importante, mas deve ser feito com cuidado, com respeito”, finaliza Yves Van Laethem.