Há menos de um mês, a 19 de setembro, Nadal caiu nos quartos de final do Open de Roma. As vozes mais pessimistas depressa disseram que o espanhol estava fora de forma, fora de ritmo, que Roland Garros seria um falhanço e que o tenista não teria capacidade de combater com os adversários mais exigentes. Nessa altura, foi Diego Schwartzman a eliminar Nadal. Esta sexta-feira, era Diego Schwartzman que Nadal tinha de eliminar para chegar à final de Roland Garros.

O tenista espanhol chegava às meias-finais depois de ter deixado Gerasimov, McDonald, Travaglia, Korda e Sinner para trás. E foi a vitória nos quartos de final, contra este último, que acabou por convencer Boris Becker. “Para mim, o favorito número um é, claramente, Rafael Nadal. Isso também era evidente antes do torneio, sempre foi o favorito. Já ganhou o torneio 12 vezes, jogou 100 encontros em Roland Garros e ganhou 98. Tem demonstrado que está numa excelente forma e os quartos de final contra Sinner convenceram-me definitivamente”, disse o antigo tenista alemão. Para Becker, e tal como Chris Evert antecipou antes ainda do início do torneio, algo era certo: Nadal estava a um passo de chegar ao 20.º Grand Slam da carreira e igualar o recorde de Federer.

“Nadal é o favorito para quem tiver alguma inteligência”. A antevisão de Chris Evert, rainha da terra batida sete vezes, a Roland Garros

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda que, este ano, o espanhol tenha sido forçado a uma rotina totalmente diferente. A disputar Roland Garros quase cinco meses depois do normal — a data habitual é no final de maio — e ainda no meio de uma pandemia, Nadal teve de mudar os hábitos que cumpria religiosamente há 15 anos. Desde que ganhou o torneio pela primeira vez, em 2005, que o espanhol ficava sempre hospedado no mesmo hotel, o Melia Royal Alma. Este ano, claro, todos os tenistas do top 60 ficaram na mesma unidade hoteleira, o Pullman Tour Eiffel. Além disso, Nadal também não foi autorizado a almoçar e jantar nos restaurantes talismã que costuma frequentar em Paris durante o Grand Slam, já que todos os jogadores têm de comer no hotel.

Na outra meia-final, estava Novak Djokovic. O sérvio procurava a redenção depois da desqualificação no US Open e encontrava, também esta sexta-feira, o grego Stefanos Tsitsipas, número 6 do ranking ATP, depois de afastar Ymer, Berankis, Galán, Khachanov e Carreño Busta. E Boris Becker, novamente, tinha uma opinião totalmente diferente de Djokovic daquela que tinha de Nadal. “É fascinante ver como ele tem competido este ano. Ganhou todos os encontros exceto a desqualificação em Nova Iorque. A pergunta é: como é que ele está a recuperar do duelo dos quartos de final com o Carreño Busta? O ombro, as costas doem-lhe (…) Ainda assim, acho que pode usar a sua experiência nas meias-finais de um Grand Slam”, explicou o tenista alemão.

O primeiro a ser colocado à prova foi Nadal. O tenista espanhol correspondeu às expectativas de Boris Becker — e do público no geral — e eliminou Diego Schwartzman, que afastou Dominic Thiem nos quartos de final, em três sets (6-3, 6-3, 7-6). Com esta vitória, arrancada ao longo de mais de três horas, Nadal abriu ainda a porta a uma probabilidade histórica: nunca, em todos os Roland Garros que conquistou, o tenista perdeu o primeiro set de uma partida. Apesar de um primeiro jogo que durou 14 minutos e de um extraordinário último set que teve de ser decidido no tie break (7-0), onde o argentino dificultou a tarefa do espanhol, Nadal acabou por derrotar Schwartzman e venceu a quinta partida consecutiva sem perder qualquer set.

Seguiu-se Djokovic. O tenista sérvio sofreu mais do que Nadal mas conseguiu bater Tsitsipas ao fim de cinco sets (6-3, 6-2, 5-7, 4-6, 6-1). À 13.ª final de Roland Garros, Nadal já só tem pela frente Djokovic, este domingo, para chegar ao 20.º Grand Slam da carreira e igualar o recorde inédito de Roger Federer.