Depois de anos de preparação, os planos das missões do programa Gateway, através do qual a Agência Espacial Europeia (ESA) pretende chegar à Lua, vão finalmente ser revelados ao longo da próxima semana, no Congresso Internacional Aeroespacial, que devia arrancar na próxima segunda-feira no Dubai mas, por causa da pandemia, vai ser inteiramente virtual.

“As decisões foram tomadas e agora o aeroporto espacial lunar está lançado”, disse ao Guardian David Parker, chefe de robótica da ESA e um dos responsáveis pelo Gateway, que vai envolver também a colaboração da Nasa e das agências espaciais japonesa e canadiana. A ideia, avançou ao jornal britânico, é colocar os primeiros astronautas (um deles, pelo menos, deverá ser europeu) na Lua até 2024. “É um prazo desafiante, mas estamos à altura dele”, garantiu.

O objetivo do Gateway — que vai incluir a construção de uma réplica em ponto pequeno da Estação Espacial Internacional, para orbitar a Lua em vez de a Terra; e o desenvolvimento de uma unidade de comunicação e reabastecimento para servir os astronautas na superfície lunar — é fazer da Lua uma espécie de Antártida, versão sem gravidade, e abrir o satélite natural da Terra à investigação científica.

“A Lua é como um oitavo continente. É um museu astronómico que tem vindo a absorver a história do nosso sistema solar há mais de 4 mil milhões de anos. Quando fomos lá com a Apollo, basicamente fomos à loja de recordações do museu, agarrámos nuns quantos souvenirs e voltámos para casa. Agora vamos explorá-la como deve ser”, comparou David Parker.

Quando a estação espacial lunar estiver pronta, uma das primeiras missões será a exploração do polo sul, para perceber se as informações que têm sido registadas por sondas se confirmam e se existe mesmo gelo na Lua — o que, a confirmar-se, não só abrirá possibilidades inauditas no âmbito da construção de futuras colónias na Lua, como poderá ajudar no fornecimento de combustível e de oxigénio aos astronautas, através do processo de eletrólise da água.

À partida, estimou David Parker ao Guardian, a esperança dos envolvidos no programa Gateway é que no final da próxima década a exploração da Lua já esteja em velocidade de cruzeiro. Depois de 15 ou 20 anos a aprender tudo o que há para aprender sobre ela, vaticinou, será então hora de apontar para voos ainda mais altos: “Ir para Marte”.

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