Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) aprovaram esta segunda-feira, no Luxemburgo, um pacote de sanções contra Moscovo, após o envenenamento do opositor russo, Alexei Navalny, com um agente nervoso do grupo Novichok.

“Implementámos a proposta feita pela França e a Alemanha de impor sanções àqueles que estão ligados à tentativa de homicídio [de Navalny]”, referiu o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, à saída de uma reunião, no Luxemburgo, do conjunto dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE. “Todos os Estados-membros aceitaram as sanções, ninguém se mostrou relutante”, sublinhou Borrell.

O anúncio surge após a França e a Alemanha terem, na quarta-feira passada, acusado Moscovo de estar por trás do envenenamento do opositor russo, Aleksej Navalny.

O ministro dos negócios estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, e o seu homólogo alemão, Heiko Maas, tinham publicado na altura um comunicado conjunto em que referiam que “a França e a Alemanha pediram múltiplas vezes à Rússia para esclarecer as circunstâncias do crime assim como aqueles que a perpetraram”, mas “nenhuma explicação credível” lhes foi fornecida. “Neste contexto, não há outra explicação plausível para o envenenamento do Sr. Navalny a não ser o envolvimento e a responsabilidade da Rússia”, referia o comunicado.

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Face à ameaça de sanções por parte da Alemanha e da França, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, tinha referido, na passada sexta-feira, que não lhe “causava surpresa” que as sanções fossem anunciadas, “sem evidências e sem concluir a investigação exigida pela Alemanha e por outros países da UE”.

Cabe agora ao Conselho Europeu implementar as sanções esta segunda-feira aprovadas, com base numa lista que será fornecida pela França e Alemanha. “O corpo técnico do Conselho Europeu vai agora receber a lista de sanções proposta pela França e a Alemanha, acompanhada das provas que forem fornecidas pelos dois países, e vai proceder à sua implementação prática”, referiu Josep Borrell.

O opositor russo, Alexei Navalny, foi envenenado a 22 de agosto em Omsk, na Sibéria, numa deslocação no âmbito da campanha eleitoral. Após ter ficado em coma num hospital da região, Navalny foi transferido para o hospital Charité, em Berlim, onde foi detetado um agente tóxico do grupo Novichok no sangue e urina do paciente russo. Perante as provas de envenenamento, a chanceler alemã, Angela Merkel, tinha referido, no início de setembro, que a UE e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) dariam uma “resposta adequada” ao envenenamento de Navalny.

Em 2018, a UE já tinha imposto sanções ao chefe e vice-chefe do Departamento Central de Inteligência russo (GRU), após o envenenamento, com um agente tóxico do grupo Novichok, do ex-espião russo, Sergei Skripal, e da sua filha, Yulia Skripal, na cidade de Salisbury, em Inglaterra.