O Bloco de Esquerda reuniu esta terça-feira à noite a comissão política para analisar o documento do Orçamento do Estado e o ponto da situação do processo orçamental. No final da reunião, os bloquistas anunciaram, em comunicado, que não há fumo branco: a porta continua aberta para o Governo reconsiderar, mas até agora o impasse mantém-se. O prazo, que sempre foi a meta da discussão do Orçamento na generalidade (a 28 de outubro), agora é mais preciso: no dia 25 de outubro o partido vai reunir a Mesa Nacional, órgão máximo entre convenções, e é aí que vai decidir.

“As negociações entre o Bloco de Esquerda e o governo com vista ao OE2021 não foram, infelizmente, bem sucedidas até hoje. As preocupações essenciais que o Bloco de Esquerda colocou na mesa das negociações, desde o início do processo, não têm resposta na proposta que o governo entregou no Parlamento”, começa a ler-se no primeiro ponto do comunicado.

As preocupações dos bloquistas continuam a ser as mesmas: travar a vaga de despedimentos, apoiar as vítimas da crise evitando que fiquem em situação de pobreza, reforçar efetivamente o Serviço Nacional de Saúde e impedir nova injeção pública no Novo Banco. São quatro as áreas fundamentais onde o BE considera que o Governo ainda não deu resposta.

O partido, que tem dito que a sua postura negocial não é mera intransigência mas sim “responsabilidade” devido à “exigência” que a crise sem precedentes coloca, sublinha ainda que este Orçamento do Estado “não é comparável a anteriores orçamentos” porque visa responder “a uma das maiores crises que já conhecemos”. “Essa resposta exige medidas efetivas e de impacto imediato e é incompatível com medidas meramente simbólicas ou anúncios sem real repercussão”, lê-se ainda.

Já na terça-feira no Parlamento, Mariana Mortágua tinha acusado o Governo de estar a fazer apenas medidas de “propaganda” e “fúteis” que parecem responder aos problemas mas não respondem de facto e deixam muita gente de fora.

Daí que “a porta” das negociações se mantenha aberta. Mas com novo deadline: 25 de outubro, três dias antes de o Orçamento ser votado na Assembleia da República.

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