A dívida total de Moçambique à China ronda 1,3 mil milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros) e o país lusófono pediu um alívio no pagamento de prestações, aguardando por uma resposta, anunciou o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane.

Moçambique tem “dois tipos de empréstimos com a China”, a dívida com o Governo e outra perante o sistema bancário, num total de 1,3 mil milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros), detalhou na terça-feira num debate na Internet no âmbito dos encontros anuais do Banco Mundial.

“Também lhes escrevemos”, referiu, tal como foi pedido alívio aos restantes credores bilaterais para o país poder responder à Covid-19, aguardando-se uma resposta.

Maleiane foi orador numa troca de ideias em que o papel da China esteve em discussão, nomeadamente sobre se estará alinhada com a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) do Clube de Paris e G20 – 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia (UE) – anunciada em abril para vigorar até final do ano e cuja extensão para 2021 está em aberto.

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As dívidas de África à China têm motivado diversas análises a propósito dos encargos com a Covid-19.

O Centro de Integridade Pública (CIP), ONG moçambicana, considera a dívida de Moçambique ao gigante asiático “assustadora” e pouco transparente, pedindo que o Governo moçambicano explique como vai gerir o encargo, num contexto em que está sufocado pela Covid-19.

A organização da sociedade civil moçambicana fez um estudo divulgado pela Lusa na terça-feira, estimando que o país devia à China cerca de dois mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) até ao final de 2019 – números superiores ao divulgados pelo ministro da Economia e Finanças.

O CIP critica o facto de os relatórios da dívida pública do Estado moçambicano não incluírem informações sobre juros e amortizações na dívida com a China, “o que representa uma fraqueza para um documento que na sua generalidade tem um conteúdo rico”.

Aquela organização assinala que o Estado moçambicano vem contraindo empréstimos à China desde antes de 2010, mas o endividamento entrou num ritmo acelerado em 2016, principalmente com o China Export-Import Bank (CEIB).

Num comentário à Lusa, Agostinho Mondlane, economista do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), organização da sociedade civil moçambicana, considerou que os contratos de dívida com a China têm sido caracterizados pela “opacidade e sem informação pública sobre os termos e condições em que as dívidas devem ser amortizadas”.

Por outro lado, algumas infraestruturas financiadas com o dinheiro chinês são de retorno económico duvidoso, porque não tem havido a diligência de realizar estudos de viabilidade consistentes.

Fonte da embaixada da China em Maputo disse que o seu Governo não vai discutir publicamente aspetos inerentes a acordos de dívida com o Estado moçambicano, escusando-se a entrar em pormenores sobre o tema.

Moçambique regista um total acumulado de 10.258 casos de Covid-19, 73 mortos e 7.880 recuperados.