As instituições particulares de solidariedade social (IPSS) têm a partir de esta quarta-feira uma plataforma para encontrar voluntários e trabalhadores para o setor social, que arranca já com 110 instituições e mais de 1.600 cidadãos disponíveis.

Chama-se Bolsa de Disponíveis a plataforma ‘online’ disponível no endereço https://bolsa.ipss.pt/ que hoje arranca formalmente, em parceria com o Instituto de Segurança Social (ISS), já com 110 instituições inscritas e 1.605 cidadãos que se declararam disponíveis para voluntariado ou trabalho remunerado, as duas vertentes que alimentam o novo portal que funciona na lógica de oferta e procura e que dispensa mediação humana.

O projeto que é apresentado esta quarta-feira na Universidade Católica é a continuidade de outro surgido durante o estado de emergência nos primeiros meses da pandemia de Covid-19, por iniciativa da UNITATE – Associação de Desenvolvimento da Economia Social.

A plataforma liga IPSS e as suas necessidades de recursos humanos a voluntários ou cidadãos à procura de emprego no setor social. Se inicialmente eram os responsáveis da plataforma que faziam a gestão dos registos encaminhando as pessoas para as ofertas registadas das IPSS, funcionando como filtro e mediador, agora, com a nova plataforma – desenvolvida depois de o projeto inicial vencer um concurso da Fundação Calouste Gulbenkian em parceria com a EDP para ideias inovadoras no âmbito da Covid-19 — elimina-se a necessidade de mediação humana.

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As pessoas podem registar-se gratuitamente, disponibilizando os seus dados e autorizando a que estes sejam consultados pelas IPSS. Já as instituições, que também se registam gratuitamente, têm, no entanto, de passar por um processo de validação pela gestão da plataforma que garanta a sua condição de IPSS antes de poderem aceder aos dados dos cidadãos.

“Na prática as instituições podem consultar diretamente os cidadãos disponíveis e filtrar por área de residência, género, podem aplicar diferentes filtros e ter uma pesquisa mais afinada em relação ao que são as suas necessidades e contactarem diretamente. Ou então publicitarem ofertas de emprego ou voluntariado e depois aguardarem que as pessoas respondam diretamente a essas ofertas”, resumiu, em declarações à Lusa, o presidente da UNITATE, Tiago Abalroado.

A Bolsa de Disponíveis entra oficialmente em funcionamento esta quarta-feira, mas está desde sexta-feira em testes para correção de erros, o que permitiu, apenas com divulgação do projeto nas redes sociais, que arranque já com 110 IPSS inscritas e 1.605 cidadãos disponíveis, dos quais 1.485 transitam da anterior plataforma e 120 são novos inscritos em apenas dois dias úteis, o que para Tiago Abalroado revela que a bolsa é “um instrumento dinâmico com utilidade social”.

Contrariamente ao que era a nossa expectativa inicial, tem havido tanto procura de voluntários como de trabalhadores, porque também atravessamos um período em que as instituições têm muita dificuldade em recrutar, sobretudo na área da saúde, por exemplo, enfermeiros, assim como auxiliares de ação direta. Começa a haver muita escassez de profissionais e portanto tem havido aqui uma grande procura também no campo do emprego. Será também uma ferramenta de futuro”.

O perfil dos inscritos “é muito heterogéneo”, com pessoas com habilitações “da 4.ª classe até ao doutoramento”, de várias idades e com diferentes formações.

Há uma panóplia de perfis neste momento inscritos. E aquilo que vemos também nestes últimos registos é que também abunda muita gente que só quer fazer voluntariado, o que é também revelador. Também é uma das funções do projeto, cultivar na sociedade esta responsabilidade social e incentivar à realização de voluntariado”.

A ligação formal ao ISS reforça a ideia de que “esta ferramenta está ao serviço das pessoas e que isso é reconhecido pelo ISS”, sendo uma via para apoiar as instituições, através dos 18 centros distritais da Segurança Social, com o qual já existia uma colaboração para substituição de trabalhadores sempre que surgiam casos de Covid-19 em IPSS e era necessário render equipas colocadas em isolamento.

Conseguimos uma dinâmica muito interessante com os centros distritais da Segurança Social que se envolveram neste processo e que até já encaminhavam as instituições, quando aparecia um caso, para falar connosco para podermos fazer essa mediação”.

“Na colaboração com o Estado português penso que é uma grande mais valia podermos contar com a colaboração do ISS, porque revela que o instituto se revê no espírito desta plataforma e a encara como um projeto de grande utilidade para o setor e para o país”, acrescentou.