O PCP organizou esta quinta-feira uma “manif”, em Lisboa, pela nacionalização do Novo Banco e onde Jerónimo de Sousa atacou o Governo de António Costa pelo “negócio ruinoso” da venda ao “fundo abutre” Lone Star, em 2017.

Foi em frente à sede do Novo Banco, em hora de ponta, no meio do barulho das buzinas, que se juntaram cerca de duas centenas de pessoas, de máscara e com alguma distância entre elas devido à Covid-19, para ouvir o líder do partido durante 12 minutos a criticar os negócios do PSD e CDS com o ex-BES, sem poupar o executivo socialista.

A ideia de que o BES foi dividido em “banco bom” e “banco mau”, na chamada resolução do BES, em 2014, é “uma autêntica fraude política com o apoio do Governo PSD/CDS e do então Presidente da República Cavaco Silva”.

Entre os manifestantes ouviu-se uma vaia ao ser dito o nome de Cavaco, antes de Jerónimo de Sousa criticar, indiretamente e sem o mencionar, o Governo do PS, liderado por Costa.

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“Mas se o processo de resolução do BES configura um escândalo, a venda do Novo Banco a um fundo abutre, a Lone Star, em 2017, transformou-se num negócio ainda mais ruinoso para o Estado português”. Numa ‘manif’ em que se ouviram palavras de ordem como “Para os banco vão milhões, para os trabalhadores vão tostões” e “Abril de novo, a banca nas mãos do povo”, o secretário-geral dos comunistas terminou com uma “bucha” que não estava no discurso escrito.

“O povo nunca há-de compreender como é possível enterrar nove mil milhões de euros num banco que continua a ser gerido pelo grande capital financeiro e continua a ser privado. Nacionalizar é que defende o interesse nacional”, disse, perante as palmas dos militantes espalhados pelo passeio lateral da Avenida da Liberdade, junto à sede do Novo Banco. Jerónimo de Sousa vincou que, desde a resolução do BES, em 2014 até agora, o PCP sempre defendeu a nacionalização do Novo Banco que, “segundo o então governador do Banco de Portugal, teria um custo para o Estado português, de cerca de sete mil milhões de euros”. Neste tempo, referiu, o Estado “já transferiu, através do Fundo de Resolução, cerca de 9 mil milhões de euros” para um banco cujo capital é detido em 75% pela Lone Star. “Então perguntamos. Por que razão não foi o banco nacionalizado, quando o Estado já injetou na instituição cerca de 9 mil milhões de euros?”, questionou. O Estado “não pode estar a pagar e a Lone Star a gerir”, disse.

O líder do PCP insistiu que nacionalizar o Novo Banco “é a solução mais segura e duradoura, apesar de tardia”, para a “curto prazo” as famílias e as empresas “poderem aceder o crédito de que necessitam com taxas de juro não especulativas” e ajudar à “dinamização da economia nacional”.