Uma mulher de 54 anos, sobrevivente de cancro, tem Covid-19 e gripe simultaneamente, no México. “É uma pessoa que padece de doenças autoimunes, com antecedentes de cancro e de obesidade, além de sofrer de doença pulmonar crónica”, anunciou no passado domingo o diretor geral de Epidemoiologia da Secretaria de Saúde mexicana, José Luis Alomía. Neste momento, a mulher encontra-se hospitalizada e está a evoluir favoravelmente.
A paciente começou por revelar sintomas comuns à gripe e ao novo coronavírus em finais de setembro. Tendo em conta o historial clínico, a mexicana foi imediatamente hospitalizada no Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição de Salvador Zubirán, na Cidade do México, tendo testado positivo à Covid-19, ainda que tenha tido alta. Dois dias depois, a doente começou a ficar com febre e foi aí que os médicos detetaram o vírus da gripe H1N1, num conjunto de procedimentos com o objetivo de despistar a presença do vírus influenza.
Foi o primeiro caso no México em que houve confluência do vírus SARS-COV-2 com o vírus influenza AH1N1 — e ainda o primeiro resultado positivo de gripe sazonal que o México registou esta temporada, revelou José Luis Alomía. A junção das duas doenças numa pessoa é “pouco comum”, mas pode haver o problema da “saturação dos hospitais”, escreveu no Twitter o médico Alejandro Macias, responsável por gerir a epidemia de gripe em 2009, no México.
En el Inst. Nal de Nutrición México se informó el primer caso de influenza más Covid-19. Más que la confluencia de las dos en una sola persona, que sería poco común, nos debe preocupar que se junten la epidemia con la estación de influenza, pues pueden saturar los hospitales. https://t.co/rV27zx5sfO
— Alejandro Macias (@doctormacias) October 12, 2020
Este caso alerta para os problemas gerados pelas semelhanças entre as duas doenças, que poderão colocar vários problemas à realização de testes, ao diagnóstico e também pode supor uma “pressão hospitalar extra”, de acordo com Alejandro Macias em entrevista à agência EFE. O médico aponta mesmo para um cenário de sindemia, que ocorre quando “duas categorias de doenças interagem em populações específicas”, segundo a definição do antropólogo médico Merrill Singer, usada por Richard Horton na revista The Lancet.
“Nenhum país está preparado para uma sindemia”, neste caso de SARS-COV-2 e AH1N1, diz Alejandro Macias.
Desde o início da pandemia até a passada quarta-feira, o México registou 829.396 casos de Covid-19 e registaram-se 84.898 óbitos — sendo o quarto país do mundo com mais mortos a nível mundial, de acordo com a Agência Lusa.