Frascos a transbordar, suspeitas de contaminação, nomeadamente com cabelos, em lotes de testes à Covid-19. Uma investigação do The Guardian dá conta de várias irregularidades detetadas em kits de testagem enviados para Serviço Nacional de Saúde (SNS) britânico. Segundo o jornal, que cita denunciantes (whistleblowers), os defeitos, que podem colocar em causa a resposta do governo britânico à pandemia, foram detetados num lote de mais de 500.000 tubos fornecidos por uma empresa sediada no Reino Unido, a Life Science Group (LSG).

Os denunciantes dizem que foram identificados vários problemas e, por isso, os lotes foram inspecionados em agosto. Os registos consultados pelo The Guardian descrevem o que parecia ser cabelo e vestígios de sangue, que poderiam contaminar o material e comprometer o resultado do teste. Embora essa inspeção tenha concluído que os tubos não estavam contaminados, os registos a que o The Guardian teve acesso revelam que desapareceu, pelo menos, uma mala com tubos da LSG que se suspeitava não estarem adequados.

Segundo os denunciantes, apenas parte do lote — a que tinha vestígios visíveis — foi colocada no lixo (e não toda, como dita o protocolo do SNS). Ao jornal, Allan Wilson, presidente do Instituto de Ciências Biomédicas do Reino Unido e patologista no SNS britânico, disse que a prática obrigatória é rejeitar qualquer encomenda em que sejam identificados indícios de contaminação. As denúncias podem colocar em causa a eficácia do programa do governo para testar a população e monitorizar a evolução da doença, mas o Departamento de Saúde rejeita as acusações.

A LSG produz tubos de ensaio com as chamadas “soluções tampão” (uma solução aquosa para resistir a alterações de pH) para o transporte de amostras. Segundo o The Guardian, o Departamento de Saúde reconheceu que uma pequena percentagem de tubos chegou a transbordar, mas diz acreditar que a fonte de contaminação da amostra foi a incorreta etiquetagem.

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