A Bolívia vai domingo às urnas para eleger Presidente, vice-presidente, senadores e deputados para o período 2021/25, votação que exclui o ex-chefe de Estado Evo Morales, exilado na Argentina após ter deixado o cargo, em novembro de 2019.

A ausência de Morales, que muitos dentro do Movimento para o Socialismo (MAS) consideravam “insubstituível”, não está a impedir, porém, que o partido que governou a Bolívia desde 2006 se mantenha como a principal força política do país, contando com o apoio dos setores mais desfavorecidos do país.

[frames-chart src=”https://s.frames.news/cards/economia-da-bolivia/?locale=pt-PT&static” width=”300px” id=”1135″ slug=”economia-da-bolivia” thumbnail-url=”https://s.frames.news/cards/economia-da-bolivia/thumbnail?version=1591720747064&locale=pt-PT&publisher=observador.pt” mce-placeholder=”1″] O MAS, que agora aposta no ex-ministro da Economia Luis Arce para Presidente do país, continua à frente nas sondagens, com 40%, longe dos 64% que, em 2014, deram a vitória para um terceiro mandato de Morales.

O ex-Presidente boliviano tem-se mantido como diretor de campanha do partido, mas à distância, a partir da Argentina, sem ser sequer candidato a deputado, pela primeira vez em três décadas.

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A força do MAS pode explicar-se por uma gestão do país de quase 14 anos, em que obteve vários êxitos económicos, sobretudo com um processo de inclusão social que aproximou e fidelizou setores populares bolivianos, acima de tudo o dos meios rurais e das periferias das principais cidades.

No entanto, a diminuição desse apoio eleitoral é o espelho de um desempenho político, sobretudo depois de Morales ter tentado apresentar-se a um quarto mandato nas eleições de 2019, com base numa decisão do Tribunal Constitucional a seu favor, apesar do referendo que, em 2016, lhe fechou as portas à recandidatura.

“O MAS continua a ser o partido dos pobres”, respondeu à agência noticiosa espanhola EFE Sebastián Michel, um dos porta-vozes da força política, quando questionado sobre como é possível manter a força popular na ausência de Morales.

No último ano, o MAS sofreu condições “extremas” e “adversas”, com “metade das suas lideranças perseguidas, exiladas e presas”, admitiu, referindo-se à governação da Presidente interina, Jeanine Áñez, e aos processos judiciais que abundaram desde que assumiu o poder de forma transitória em novembro passado.

Além disso, as sondagens nacionais mostram que o MAS conta com 40% das intenções de voto o que, para Michel, “não é suficiente para ganhar as eleições”.

Das oito candidaturas iniciais, seis mantêm-se de pé, após as renúncias de Áñez, da aliança Juntos, e do ex-Presidente Jorge “Tuto” Quiroga, pelo Livre 21, para apoiar o candidato Carlos Mesa, da Comunidade Cidadã, que, segundo as sondagens, terá maiores possibilidades de derrotar o candidato do MAS,

Morales não estará num processo eleitoral na Bolívia pela primeira vez desde 1989, quando se apresentou na corrida às funções de deputado, não tendo sido eleito.

O ex-Presidente boliviano ainda tentou concorrer a senador, mas a Comissão Nacional de Eleições e o Tribunal Constitucional impediram, por não cumprir um dos requisitos essenciais, o de residir na Bolívia.

Morales reside na Argentina desde que renunciou à Presidência em novembro de 2019, depois de denunciar a existência de um golpe de Estado.

Com 11,6 milhões de habitantes, a Bolívia também está afetada pela pandemia de covid-19, contando, segundo os dados mais recentes, quase 140 mil casos e cerca de 8.350 mortes.