Resultado de uma residência artística de um ano na Escola das Artes da Universidade Católica no Porto, ode desenvolveu projetos com alunos e professores e participou em tutorias no curso de cinema, Vasco Araújo apresenta esta sexta-feira o seu mais recente trabalho.

“Pathosformel”, termo usado pelo historiador de arte e teórico cultural alemão Aby Warburg na sua pesquisa sobre a vida após a morte da antiguidade, é uma exposição-vídeo que tem como premissa a desconstrução e reconstrução de códigos comportamentais que refletem sobre a relação do sujeito com o mundo exterior a ele. Alicerçado na literatura, na filosofia, nos estudos clássicos, na ópera, na etiqueta palaciana e na mitologia greco-romana, Vasco Araújo pretende expor, criticamente, temas como “o olhar do outro”, “a tragédia versus melodrama” ou “as pulsões do desejo e da paixão”.

“Baseado no conceito original da palavra fiz um vídeo de aproximadamente uma hora, que não obedece a uma estrutura narrativa ou cronológica. Numa espécie de cenas, repenso mitos gregos e romanos da antiguidade clássica, como o mito do Narciso ou do Prometeu, e coloco essas histórias em causa de alguma forma”, explica o artista em entrevista ao Observador.

O vídeo foi inteiramente filmado no Porto, entre setembro de 2019 a junho de 2020, os atores partilham textos inspirados em obras de arte e nos diferentes episódios misturam-se também figuras do Renascimento e do Maneirismo. “O filme fala-nos do desejo, da morte e da impossibilidade ou possibilidade de imaginar uma vida com amor”, afirma Vasco Araújo, acrescentando que todo o trabalho apresenta “uma espécie de historiografia emocional do ser humano”.

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Além do vídeo, o artista apresenta também uma exposição de uma instalação e duas esculturas com materiais que foram utilizados durante as filmagens, onde se pode ver, entre outras coisas, Medusa – figura feminina da mitologia grega, quem a olhasse diretamente seria transformado em pedra — a cantar um fado em frente a um espelho ou um relato da carta que Marrat, personagem de uma tela de Jacques-Louis David pintada em 1793, deixa escrita antes de morrer.

A exposição conta com a curadoria de Nuno Crespo, diretor da Escola das Artes, e poderá ser visitada de terça a sexta-feira, das 14h às 19h, sem marcação prévia, ficando patente até 29 de janeiro de 2021.

No fim deste mês, Vasco Araújo integra uma exposição coletiva no MAAT, em Lisboa, com duas peças novas, de escultura e fotografia, e em novembro verá em cena a sua colaboração como cenógrafo com a companhia de teatro Cão Solteiro.