Oito dias depois de votar, James Wendel Williams morreu. Tinha 77 anos e quando soube que o cancro do cólon tinha regressado decidiu que não iria voltar a fazer tratamentos agressivos, optando pelos cuidados paliativos. O norte-americano, democrata, tinha um grande objetivo antes de morrer: votar nas eleições presidenciais de 3 de novembro.
A família sabia que seria difícil que James conseguisse sobreviver ao cancro durante muito mais tempo e chegar ao início de novembro parecia impossível, como conta ao The Washington Post. E, foi. Morreu a 2 de outubro, na sua casa Birmingham, Michigan, um subúrbio de Detroit, rodeado pela mulhere e filhos.
James e a família puseram o foco noutra data: 24 de setembro, o primeiro dia em que poderia votar por correspondência. E foi assim que James conseguiu realizar o seu último desejo, depositando o seu voto por correio nas urnas portáteis que existem desde 2017, criadas para garantir a segurança do envio do boletim de voto.
Com a América em contagem decrescente para as eleições, mais de 17 milhões de norte-americanos já fizeram a sua escolha através de voto por correspondência ou voto antecipado, num sistema que Donald Trump, recandidato à presidência, contesta e que, para já, coloca os democratas em vantagem.
James Wendel Williams' vote won't count. He died before election day. For God's sake, somebody make an effort and vote in his place. Many somebodies. Please.
One last vote: In Michigan, a terminally ill man’s mission to cast a ballot https://t.co/G95pAkYLQP— Shirley Ragsdale (@ShirleyRagsdale) October 17, 2020
Foi já depois da morte de James que a família recebeu a notícia: o seu voto ia ser anulado. A contagem só é feita no dia das eleições, a 3 de novembro, e não quando são recebidos. Uma vez que James morreu, o seu voto não é válido.
Segundo o The Washington Post não é caso único: cerca de 850 boletins foram rejeitados, pelos mesmo motivos, durante as eleições primárias de Michigan, em agosto.
Foi tudo em vão? O filho de James, David, respirou fundo antes de responder. “É assim: irrita-me que não conte, nas isso não diminui o que significava para ele ou para nós ”, disse ao diário norte-americano. “Não é que ele pensasse que o seu voto ia mudar a eleição. Ele acreditava que era um exemplo importante para os filhos e netos”, acrescentou David. “A maneira como cada um usa a sua energia, especialmente quando não se tem muita, é um reflexo muito verdadeiro daquilo que realmente é importante para si.”