Há nove regras a cumprir por quem se quiser aventurar no Telepath: ser bondoso, não fazer ataques com base no género ou cor da pele, por exemplo; usar o nome verdadeiro, não assediar ninguém, não partilhar notícias falsas, não alimentar conversas tóxicas, não partilhar conteúdos violentos nem relacionados com pornografia.

O Telepath lançou-se oficialmente no mercado em setembro, mas não basta descarregar a aplicação no telemóvel para a poder usar. Em primeiro lugar, porque ainda só está disponível para smartphones com o sistema operativo iOS, e em segundo lugar, porque só pode entrar na nova rede social quem receber um convite para tal.

Foi assim que acedemos à lista de regras de Telepath — nove regras que precisam de ser bem explicadas para não se cair em armadilhas. Por exemplo, é obrigatório “não ser mauzinho, não atacar as pessoas ou insultar o que elas publicam”, mas — há sempre um ‘mas’ — “esta regra não tem como intenção proteger as figuras públicas da crítica”, por isso “esses conteúdos vão ser sujeitos a testes menos rigorosos”.

Há, no entanto, linhas que não se podem ultrapassar nunca:

Não se pode atacar uma pessoa ou grupo com base na sua etnia, religião, origem, nacionalidade, deficiências, sexo, orientação sexual ou identidade de género”, indica a rede social. Aliás, só há uma intolerância permitida para quem quiser manter uma conta no Telepath: a intolerância à intolerância.

Ora, Telepath funciona através de “networks”, um pouco à semelhança do Reddit. Quem tem um interesse muito grande por música, por exemplo, deve clicar no campo de pesquisa e escrever “Music” — em inglês, porque a aplicação ainda não reconhece o português. Surge então uma rede com pessoas que partilham consigo o interesse por música. E surgem também outras hashtags relacionadas com esse tema, como #ClassicalMusic ou #BobDylan.

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Como “nada dura para sempre”, como sublinhado pela aplicação, todas as publicações são eliminadas trinta dias depois de serem colocadas na rede social, ou imediatamente, caso sejam assinaladas pela equipa do Telepath por não cumprirem as regras da aplicação. Mas todas as que sobreviverem ao prazo de um mês são arquivadas e podem ser revistas a qualquer momento.

Mark Bodnick é o CEO da Telepath, ao lado de Richard Henry, o antigo designer de produto do Twitter e do Quora. Numa publicação feita na própria rede social a 24 de setembro, quando os convites para a aplicação começaram a ser enviados, o empresário explicou a origem do projeto: “Ao início, a internet era um sítio muito bom, mas as maiores redes sociais já não servem esse propósito. Promovem a crueldade ao recompensar o conflito e a hostilidade, distribuem a desinformação rapidamente e promovem a polarização por algoritmo”.

“Queremos que o Telepath para ser uma experiência recompensadora em termos pessoais e muito divertida, incluindo para as pessoas que estão a abandonar as plataformas tradicionais”, prossegue Richard Henry. Como? Através de “um foco obsessivo por boas conversas”, da “intolerância para com o ódio”, “fortalecimento das regras contra a desinformação”, “sem otimização pelos cliques” e “ao criar espaços para pessoas que partilham interesses”.

Mas não só. A aplicação promete “dar prioridade à moderação e não ao crescimento”: “Francamente, só precisamos de estar motivados para gastar muito dinheiro e levar isto a sério; e parte de fazer isso é construir toda a equipa de moderação interna. Não vamos por isso nas mãos de uma empresa subcontratada, que é o que todas as outras grandes redes sociais essencialmente fazem”.