O líder do Aliança nos Açores, Paulo Silva, manifestou esta segunda-feira confiança na independência da administração da companhia aérea SATA em relação ao Governo Regional, defendendo um emagrecimento do número de trabalhadores.

“O acordo que há deste conselho de administração com o Governo Regional é de não haver gestão da parte da tutela dentro da companhia”, sustentou Paulo Silva, em declarações aos jornalistas no final de uma reunião com a administração da companhia aérea, em Ponta Delgada, no âmbito da campanha para as legislativas regionais dos Açores, marcadas para domingo. Reconhecendo “erros de gestão no passado”, uma “gestão financeira completamente desequilibrada” e um “passivo gigantesco”, o também cabeça de lista do Aliança pelo círculo eleitoral da ilha Terceira sublinhou a importância da empresa, detida em 100% pela Região Autónoma dos Açores, na mobilidade dos açorianos e na autonomia do arquipélago.

Nunca vi uma administração tão ciente do que diz, tão firmada nos seus propósitos e na defesa intransigente de uma companhia que já não é capa de jornal nem de telejornal há largos meses pela gestão deles. Isto é uma diferença muito grande. Temos ouvido falar da SATA pela ingestão do Governo, mas não pela falta de gestão deste conselho de administração”, reiterou, quando questionado sobre a independência da gestão, tendo em conta que a administração é nomeada pelo Governo Regional (PS).

O candidato considera que tem de haver um emagrecimento de funcionários na companhia e a contratação de alguns quadros necessários, recusando falar em “despedimentos”, mas apontando, por exemplo, acordos para reformas antecipadas. “Despedimento se calhar é uma palavra muito forte, mas temos de perceber que há muita gente aqui que foi metida pelo aparelho partidário e pelo Governo Regional e que faz pouco ou nada na companhia”, acusou.

A SATA, empresa pública açoriana, é composta pela SATA Air Açores (responsável pelas ligações interilhas) e pela Azores Airlines (que opera entre a região e o exterior). As duas transportadoras aéreas do grupo fecharam o primeiro semestre com prejuízos de cerca de 42 milhões de euros, que comparam com perdas de 33,5 milhões no período homólogo, indicam documentos oficiais a que a Lusa teve acesso.

As próximas eleições para o parlamento açoriano decorrem no domingo. Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos). O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um. O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996.

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