Helena Marques, jornalista e escritora, morreu esta segunda-feira, aos 85 anos, informou a editora LeYa: “Foi com profunda tristeza que a LeYa e a Dom Quixote receberam, ontem [segunda-feira] à noite, a notícia do falecimento da escritora Helena Marques. Aos seus filhos – particularmente ao nosso colega Francisco Camacho, editor da LeYa e também escritor – netos e bisnetos, endereçamos as mais sentidas condolências”, lê-se num comunicado esta terça-feira enviado às redações.

Nascida em 1935, Helena Marques foi jornalista durante 36 anos. Foi diretora-adjunta do Diário de Notícias, onde terminou a sua carreira, que começou no Diário de Notícias do Funchal. Passou ainda por outros jornais como A Capital, República e A Luta.

Segundo o comunicado, entre 1992 e 2010 publicou cinco romances e um livro de contos na Dom Quixote. O seu primeiro livro, O Último Cais (1992), recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Revista Ler/Círculo de Leitores, o Prémio Máxima de Revelação, o Prémio Procópio de Literatura e o Prémio Bordallo de Literatura da Casa da Imprensa.

Em entrevista à Agência Lusa quando conquistou o Grande Prémio da APE, Helena Marques disse que a escrita de ficção, ao contrário do jornalismo, é “um exercício demorado”, a que se decidiu dedicar.

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A este romance seguiram-se A Deusa Sentada (1994), Terceiras Pessoas (1998) e Os Íbis Vermelhos da Guiana (2002), o livro de contos Ilhas Contadas (2007) e Bazar Alemão (2010). A sua obra está traduzida em várias línguas como alemão, italiano, castelhano, grego, romeno e búlgaro.

Em 2013, foi-lhe atribuído o Prémio Gazeta de Mérito.

Marcelo lamenta morte da escritora, cujo percurso marcou “a crescente presença das mulheres no jornalismo”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou esta terça-feira a morte da escritora e jornalista portuguesa Helena Marques, salientando que o seu percurso marcou “a crescente presença das mulheres no jornalismo português”.

“Mãe de jornalistas, editores e escritores, a quem apresento as minhas sinceras condolências, o seu percurso marca a crescente presença das mulheres no jornalismo português e o triunfo, a seu tempo, de uma vocação antiga, que me apraz assinalar”, pode ler-se numa nota divulgada no site da Presidência da República.

Helena Marques era mãe do editor Francisco Camacho, do grupo Leya, do jornalista Pedro Camacho, ex-diretor de Informação e atual diretor de Inovação e Novos Projetos da agência Lusa, do antigo jornalista Paulo Camacho e da tradutora Joana Camacho. Foi casada com o jornalista Rui Camacho (1936-2014), antigo chefe de redação da ANOP – Agência Noticiosa Portuguesa, que esteve na origem da Agência Lusa.

Marcelo destacou ainda a “longa carreira jornalista” que levou Helena Marques “do Diário de Notícias do Funchal a vários matutinos e vespertinos de Lisboa, entre os quais o Diário de Notícias, onde chegou a diretora-adjunta” sem esquecer a “carreira tardia e bem-sucedida como romancista e contista”.

Graça Fonseca: “Helena Marques deixa-nos um relevante legado, feito em exemplo e obra”

Também a ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou o desaparecimento de Helena Marques, “que se destacou pela sua dedicação ao jornalismo e, também, como uma notável ficcionista”.

“Tanto através do jornalismo como da escrita, Helena Marques deixa-nos um relevante legado, feito em exemplo e obra, em que a criatividade e a luta pela igualdade foram elementos centrais”, declarou Graça Fonseca em comunicado.

Artigo atualizado às 16h37 com as reações do Presidente da República e da ministra da Cultura