A venda de livros em Portugal recuperou “algum fôlego” da queda abrupta que registou devido à pandemia, mas ainda assim continua com uma quebra de 15,8%, o que significa perdas no valor de 7,5 milhões de euros.

Os dados constam de um estudo feito pela consultora Gfk, com base nas vendas de livros em lojas físicas nos primeiros nove meses de 2020, nos seguintes países: Bélgica (Flandres/Valónia), Brasil, França, Itália, Holanda, Portugal, Espanha e Suíça.

Os países em análise registaram aumentos de vendas durante as primeiras semanas de 2020, no entanto, durante as restrições provocadas pela Covid-19, as vendas colapsaram em mais de metade dos países, com alguns a não serem capazes de recuperar de imediato, mesmo na fase pós-confinamento, como é o caso de Portugal, com quebras de 15,8% no volume de negócios, o que se encontra em pior posição, e da Valónia (-1%), Bélgica de expressão francesa.

Nos primeiros meses do ano, até ao final da primeira semana de março, Portugal registou um ligeiro aumento de venda de livros, comparativamente com o mesmo período do ano anterior, com uma variação positiva de 0,9%, ou seja, mais 300 mil euros, para um encaixe de 27,4 milhões de euros.

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Entre 19 de março e 2 de maio, o país esteve em situação de estado de emergência, que transitou imediatamente para o de calamidade, e o mercado caiu a pique. Segundo o painel de vendas Gfk, o levantamento feito entre a segunda semana de março e a última de maio, revela uma perda de 16,1 milhões de euros (de 28 milhões em 2019, para 11,9 milhões em 2020), o que se traduz numa quebra de 57,6%.

A partir do final de maio até ao final de setembro (terceiro período em análise), verificou-se uma recuperação e os valores entrados alcançaram os 39,6 milhões de euros, mesmo assim menos 7,5 milhões do que em igual período do ano passado (47,1 milhões). Fazendo a avaliação total dos primeiros nove meses deste ano, o mercado livreiro português registou perdas no valor de 23,3 milhões de euros, face a 2019 (de 102,2 milhões para 78,9 milhões). Nos restantes países, a crise não afetou tão gravemente a venda dos livros e, nos casos em que o fez, a recuperação está a ser mais rápida. Segundo a Gfk, França registou um recorde na queda dos livros, mas está agora em significativa recuperação, ao passo que na Suíça as receitas “aumentaram consideravelmente nos últimos meses” e as “perdas globais” chegam agora apenas a 2,9%.

Também em Espanha e em Itália, as perdas nos primeiros nove meses diminuíram para 11% e 3,8%, respetivamente, após terem sido mobilizados esforços no verão para se recuperar o terreno perdido. Em Portugal, as perdas globais são de 22,8%. Por outro lado, os mercados de livros na região da Flandres, na Holanda e na Bélgica, passaram pelo período de confinamento relativamente ilesos e, no final de setembro, chegaram mesmo a registar aumentos.

O Brasil é atualmente o único país não-europeu na análise com uma descida de 37,6% provocada pelo confinamento e um atual aumento de 9,0%, registando perdas globais de 6,1%.

No que diz respeito aos livros mais vendidos, o romance mais popular na Europa é atualmente “O enigma do quarto 622”, de Joël Dicker, que se classificou em primeiro lugar em França e Espanha, em segundo em Itália e Valónia e em terceiro em Portugal, nas listas de livros mais vendidos desde o final do confinamento.

Muito procurados foram também autores de ‘best-sellers’ como Lucinda Riley (“As sete irmãs”), Stephenie Meyer (“Sol da meia-noite”), Elena Ferrante (“A vida mentirosa dos adultos”) e Suzanne Collins (“A balada dos pássaros e das serpentes”).

Além do segmento de ficção, vários livros de não-ficção revelaram-se muito populares, como, por exemplo, “Sapiens: História breve da humanidade”, de Yuval Noah Harari, e “Humankind: A Hopeful History”, de Rutger Bergman (não traduzido em Portugal), além de livros de culinária ou dieta, livros de gestão pessoal e livros infantis.