A Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA) diz serem “bem-vindas” as restrições aplicadas aos concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira devido à pandemia, salientando que “o grande objetivo é evitar um cerco sanitário”.

“As medidas agora anunciadas são bem-vindas, na medida em que o grande objetivo é evitar um cerco sanitário, que teria consequências catastróficas para um cluster que exporta 90% da produção”, disse à agência Lusa o diretor executivo da APIMA, Gualter Morgado.

Devido à escalada de casos de Covid-19 nos concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira (sendo que é neste último que se concentram grande parte das empresas portuguesas do ‘cluster’ do mobiliário), o Governo decretou na quinta-feira um conjunto de medidas mais restritivas para estas regiões, nomeadamente o dever de permanência no domicílio a partir das 00h00 desta sexta-feira, o encerramento obrigatório de estabelecimentos às 22h00 (com algumas exceções) e a obrigatoriedade do teletrabalho para todas as funções que o permitam.

Relativamente a esta última determinação, a APIMA nota que “tem um impacto praticamente insignificante em concelhos industriais, cuja percentagem de trabalhadores com capacidade para laborar a partir de casa rondará os 5%”.

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Os concelhos de Paços de Ferreira e Paredes concentram cerca de 50% das empresas do cluster do mobiliário e afins pelo que, segundo a associação, “o crescimento do número de casos de Covid-19 nesta região tem afetado de forma particular estes setores”.

No caso específico de Paços de Ferreira, os dados de que a APIMA dispõe indicam que todas as empresas do setor aqui localizadas já se viram obrigadas, pelo menos uma vez, a interromper temporariamente a atividade, fruto de colaboradores infetados ou colocados em regime de isolamento por contacto com um infetado”.

Segundo salientou Gualter Morgado, “grande parte destas empresas são microempresas, cujo cumprimento dos planos de contingência e medidas sanitárias não se coaduna com uma política de turnos ou em espelho, que permita manter a normal laboração e atividade”.

“Neste sentido – disse – a existência de um caso numa empresa tem obrigado à interrupção da atividade”, sendo que “a solução tem passado, invariavelmente, por um esforço acrescido após o período de interrupção da atividade, de modo a responder às encomendas, que felizmente continuam a cair”.

O dirigente associativo destaca, aliás, que o cluster tem visto as encomendas internacionais a recuperarem – os meses de julho e agosto registaram mesmo subidas de 1% e 9%, respetivamente, em relação ao período homólogo de 2019 – pelo que “é fundamental que as empresas consigam assegurar a resposta a estes pedidos”.

O número de casos Covid-19 aumentou em Paços de Ferreira 76% numa semana, de 738 para 1.303, enquanto em Felgueiras a subida foi de 24,2% e em Lousada de 39,2%, de acordo com relatórios da Direção-Geral da Saúde (DGS).

A percentagem de aumento de casos nos três concelhos corresponde a 48%, de acordo com análise feita pela Lusa com base nos dados da DGS que discriminam os casos por concelho, informação detalhada que é divulgada à segunda-feira.

Em Paços de Ferreira, concelho que registou o aumento maior, em 12 de outubro o número de infeções era de 738, enquanto esta segunda-feira a DGS atualizou os dados para 1.303 (mais 565), o correspondente a 76,5% de aumento.

Já Lousada registou, entre 12 e 19 de outubro, um aumento de infeções na ordem dos 39,2%, passando de 660 casos para 919 (mais 259).

Em Felgueiras o aumento, em igual período de tempo, foi de 24,2%, com o registo de mais 154 infeções pelo novo coronavírus: de 634 para 788.

No total, Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras, que registavam há cerca de uma semana 2.032 infeções Covid-19 e na segunda-feira reportaram 3.010 casos (mais 978), viram os números aumentar em 48%.