Durante a noite de segunda-feira, grupos de manifestantes saíram à rua em várias cidades italianas para protestar contra as novas medidas restritivas anunciadas pelo governo de Giuseppe Conte, que incluem o encerramento de estabelecimentos como salas de cinema e ginásios e o fim do público nos estádios de futebol. Nas cidades de Turim e Milão, onde um recolher obrigatório foi imposto pelos respetivos governos regionais, os protestos acabaram por se descontrolar, obrigando a polícia a intervir.

Em Turim, os manifestantes partiram montras e atacaram lojas, uma delas pertencendo à Gucci e outra à Apple, lançaram bombas de fumo, atiraram garrafas contra a polícia e deitaram fogo a caixotes do lixo junto à praça onde fica a sede do governo regional de Piedmont, a Piazza del Castello, local de encontro para o início do protesto, que juntou várias centenas de italianos (o Corriere Torino fala em 500). Alguns carros foram atacados e nem os bares e restaurantes escaparam.

De acordo com o Corriere Torino, os incidentes começaram com dez indivíduos, culminando num ataque à polícia levado a cabo por quatro grupos de manifestantes na Piazza del Castello. Estes incluíam membros das claques do Juventus e do Turino e também pessoas de origem estrangeira. Segundo o mesmo jornal local, pelo menos dois agentes ficaram feridos e nove pessoas foram detidas, incluindo dois membros da claque da Juventus.

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Antes da onda de violência ter tomado conta do centro de Turim, cerca de 300 taxistas reuniram-se na Piazza del Casteloo para chamar a atenção para a crise económica gerada pela pandemia do novo coronavírus, que afastou os turistas das principais cidades italianas.

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Em Milão, o cenário não foi muito diferente. De acordo com o Milano Corriere, pelo menos 400 pessoas causaram o caos ao longo de um trajeto de cerca de três quilómetros em direção à sede do governo da região da Lombardia, a mais afetada pela Covid-19 em Itália. Ao longo do percurso, manifestantes derrubaram motas e caixotes do lixo e atiraram garrafas, bombas de fumo e cocktails Molotov à polícia, que respondeu com gás lacrimogéno. Alguns edifícios e estabelecimentos sofreram danos e um polícia ficou ferido após ser atingido com uma garrafa de vidro na cabeça.

Pelo menos 48 pessoas foram detidas em Milão, refere o Milano Corriere.

Noutras cidades italianas, como Roma, Génova, Palermo e Trieste, grupos de manifestantes protestaram também contra as novas medidas. Em Nápoles, várias centenas de pessoas juntaram-se a partir das 18h, quando cafés e restaurantes têm agora de encerrar o serviço às mesas, na Piazza del Plebescito para pedir a demissão do líder do governo regional, mas sem incidentes de maior a registar.

[Algumas imagens dos incidentes em Milão:]

No domingo, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, anunciou novas medidas restritivas para combater a subida exponencial dos novos casos de Covid-19, alertando que estes começam a ter um impacto negativo nos hospitais italianos. Estas incluem o encerramento de cinemas, teatros, ginásios e piscinas até 24 de novembro, mas os museus continuarão a funcionar. O serviço às mesas em bares e restaurantes terá de terminar pelas 18h, mas estes poderão continuar a servir os clientes em regime de take-away.

O governo aconselhou os italianos a não saírem de suas casas a não ser por motivos de força maior, como para ir trabalhar, para ir às aulas ou por razões de saúde. No ensino secundário, 75% das aulas passarão a ser dadas online para limitar o número de alunos nas salas de aula.