O vereador do PSD na Câmara do Porto lamentou esta segunda-feira que, “mais uma vez”, o município tenha de “substituir” o Estado central nas suas obrigações para garantir acesso à vacina da gripe aos munícipes maiores de 65 anos.

O executivo aprovou esta segunda-feira em reunião camarária, por unanimidade, o protocolo de cooperação a estabelecer com a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, a Associação Nacional das Farmácias (ANF) e a Associação Dignitude para disponibilizar gratuitamente, nas farmácias, a vacina contra a gripe aos munícipes a partir dos 65 anos.

Não temos nada em contrário ao facto de se estar a proporcionar aos cidadãos do Porto este benefício, mas não deixo de estranhar e pergunto qual o papel da Câmara, sendo um protocolo que envolve a ARS e a ANF. Porque é que este protocolo não é apenas entre a ARS e a ANF. O que me parece é que a câmara só está aqui para mais uma vez subsistir o Estado central nas suas obrigações”, disse Álvaro Almeida.

O social-democrata esclareceu que votou favoravelmente a proposta com as mesmas reservas com que votou outras medidas, acusando o Estado central e o Partido Socialista de “falhar”.

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“Apesar de a câmara estar a tentar ultrapassar uma lacuna do Governo, tenho receio que não seja suficiente e acabe por não ter de gastar um euro, porque as vacinas não chegam às farmácias“, declarou.

O vereador realçou que o PSD alertou, em fevereiro, para a necessidade de comprar antecipadamente as vacinas da gripe, mas não há vacinas nas farmácias ou centros de saúde para toda a gente.

O socialista Manuel Pizarro acusou Álvaro Almeida de confundir o seu lugar de vereador na Câmara do Porto com o de deputado na Assembleia da República e ressalvou que estas são circunstâncias atípicas por via da pandemia de Covid-19.

Pizarro assegurou que o Governo adquiriu vacinas suficientes e explicou que é normal que a distribuição não seja feita de uma só vez.

Não há produção de vacinas antes de julho ou agosto. As estripes são escolhidas pela OMS [Organização Mundial de Saúde] no final de maio. Não seria possível que em setembro toda a produção fosse feita”, disse.

O presidente da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira, explicou que, neste caso, há um interesse comum às várias organizações de que mais pessoas se vacinem, o que permitirá reduzir a pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente dos centros de saúde, evitando filas e riscos para a população mais vulnerável.

Acresce que, este protocolo pretende ainda testar uma resposta de vacinação para a Covid-19, dotando as farmácias de recursos e meios para, à chegada da vacina, estarem preparadas para aliviar a pressão nos centros de saúde.

A vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, sublinhou que a responsabilidade nesta matéria é do Estado central, mas disse ver como positiva a proposta de facilitar ao acesso das vacinas às pessoas.

Na reunião desta segunda-feira, o executivo municipal aprovou ainda por unanimidade a cedência, por meio ano, das instalações da antiga Escola Básica António Aroso à ARS Norte, para alargamento da Área Dedicada aos Doentes Respiratórios no Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Porto Ocidental.