O presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP) considerou esta quarta-feira que a solução de alta velocidade Lisboa-Madrid que a Espanha quer impor a Portugal é uma falsa questão, sugerindo a adaptação da linha de mercadorias de Sines-Poceirão-Madrid.

“A questão da ligação de Lisboa [Madrid] parece-me uma falsa questão. A ligação Lisboa-Madrid está assegurada pela ligação de alta velocidade que vem de Sines e que, neste momento, tem um enfoque exclusivo [no transporte de] mercadorias. Eu estou convencido de que não será muito difícil fazer essa adaptação”, afirmou Eduardo Vítor Rodrigues em declarações à Lusa.

Na sexta-feira, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, apontou a ligação atlântica Lisboa-Porto-Vigo como a prioridade portuguesa para a rede ibérica de alta velocidade, avisando que o Governo português não aceita a “solução imposta” por Espanha que prioriza a ligação Lisboa-Madrid.

Na apresentação do Programa Nacional de Investimentos (PNI) 2030, na quinta-feira, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, anunciou que as metas para a ferrovia se centram, entre outras, na criação de uma nova linha Porto-Vigo (Espanha) com duração de uma hora, bem como a eletrificação da rede até 2030.

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Ressalvando que cada país decide em função dos seus próprios interesses, Eduardo Vítor Rodrigues considera que, nesta matéria, é necessário “abdicar dos bairrismos”, pois para o país faz sentido ter uma ligação de alta velocidade Lisboa-Madrid. “Acho é que faz mais sentido não esquecer a ligação Porto-Lisboa e Porto-Vigo, para não termos a circunstância de termos uma ligação Lisboa-Madrid que seja mais rápida do que uma ligação Porto-Lisboa e, assim, parte-se o país em dois”, assinalou.

Havendo uma linha dedicada de mercadorias que vai de Sines, ao Poceirão e a Madrid, para o autarca que também lidera a Câmara de Vila Nova de Gaia, estão reunidas as condições para não entrar “numa disputa” e pensar numa “adaptação”, se for caso disso, sem abdicar da linha Lisboa-Porto-Vigo.

“Esta é uma linha absolutamente estratégica para a região Norte, para o Aeroporto do Porto, para o Terminal de Cruzeiros de Leixões, para o Porto de Leixões e acho que é absolutamente relevante que a ministra não deixa cair este projeto“, disse.

O presidente da AMP defende que, no debate com Espanha, a ministra da Coesão Territorial deve defender a solução atlântica para rede ferroviária ibérica e levar para a discussão alternativas, desde que estas não ponham em causa a ligação Lisboa-Porto-Vigo.

Eduardo Vítor Rodrigues recordou, a propósito, que a importância da ligação à Galiza não só para as zonas fronteiriças, mas para toda a região Norte levou a AMP, há cerca de um ano em meio, no âmbito da discussão das prioridades do PNI a incluir a ligação Porto-Vigo.