Sindika Dokolo, empresário congolês marido de Isabel dos Santos, morreu esta quinta-feira acidentalmente no Dubai. Tinha 48 anos.  Segundo a imprensa da República Democrática do Congo, o acidente terá acontecido quando fazia mergulho.

A notícia da sua morte foi confirmada pela Lusa junto de fontes familiares e confirmada pelo Observador. Outras fontes indicaram que a causa da morte foi uma embolia.

O empresário nasceu em 1972 no antigo Zaire, mas foi na Europa que passou grande parte da sua infância. Filho do primeiro negro que criou um banco e muito próximo do poder do Congo, Augustin Dokolo, Sindika Dokolo acabaria por conhecer Isabel dos Santos há 21 anos em Angola — casaram-se três anos depois.

Nos últimos tempos, Sindika Dokolo acabou por ser envolvido no escândalo Luanda Leaks. A empresária angolana e o marido estão entre os clientes confidenciais de bancos que foram reportados às autoridades norte-americanas, segundo uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ). Investigação jornalística foi desencadeada após uma fuga de informação, cuja responsabilidade Rui Pinto já assumiu.

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Depois das notícias rapidamente os negócios do casal, que terão lesado os cofres públicos de Angola em milhões de dólares, passaram a ser investigados pelas autoridades em Angola e em Portugal.

E não foi a primeira vez que Dokolo se via a contas com a justiça, há três anos havia sido condenado a uma pena de prisão no seu país de origem por alegada fraude em negócios imobiliários, o que sempre atribuiu a uma perseguição política — dada o seu posicionamento crítico em relação ao regime de Joseph Kabila, ex-presidente do país que esteve no poder entre 2001 e 2019.

O empresário e maior colecionador de arte africano foi condecorado em 2015 por decisão de Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, com a medalha de ouro da cidade. Além da exibição da sua valiosa coleção na Invicta, ficou a promessa, nunca concretizada, de instalação da sede da Fundação Sindika Dokolo — foi inclusivamente comprada a Casa Manoel de Oliveira por mais de 1,5 milhões de euros.

A mensagem de Isabel dos Santos, a reação de Ana Gomes e outros comentários

Nas redes sociais são já várias as reações à morte de Sindika Dokolo, sobretudo numa foto partilhada por Isabel dos Santos no Instagram  e no Twitter há dez horas e na qual surge o casal com o filho, com a legenda “My Love [Meu amor]”. Neste momento são já mais de mil as mensagens de condolências.

O assistente pessoal do chefe de Estado da República Democrática do Congo também não ficou indiferente. “Foi durante um mergulho que partiste para a eternidade. Uma atividade habitual que te arrancou da luta, dos entes queridos … Descansa em paz“, disse Michée Mulumba, no Twitter.

Também a deputada Nacional da República Democrática do Congo Colette Tshomba já reagiu num comentário a um tweet: “SinDo, decidiste deixar-nos, eu curvo-me perante ti. Descansa em paz“.

Já o político, empresário e chefe de Gabinete Adjunto do Ministro da Juventude do Congo, Yves Nswal, escreveu no Twitter estar “triste” com a notícia da morte de Dokolo , apresentando as “sinceras condolências à sua família e a todos os seus parentes”.

Outra reação nesta rede social foi a do deputado congolês Patrick Muyaya, que descreve Dokolo com três palavras: “Força, sorriso e inteligência”. “Que perda”, concluiu o parlamentar.

Lubaya Claudel André, deputado republicano e vice-presidente do Comité de Acompanhamento de Políticas Públicas daquele país africano partilhou uma foto de Dokolo no Twitter com o seguinte texto: “O vigor, espírito de luta e compromisso que tinha com um Congo justo vão fazer falta. Incorporou uma certa ideia de liberdade. A sua morte é uma grande perda para o país. Os meus pensamentos estão com @isabelaangola, com a família e entes queridos.”

A antiga eurodeputada Ana Gomes reagiu, partilhando um tweet de João Cordeiro em que se pode ler: “Morreu o Sindika Dokolo, afogado no mar. Morreu offshore, portanto. Irónico.” Na sua partilha, a candidata presidencial escreveu: “Estranho. Muito estranho…”