O líder da Iniciativa Liberal (IL) nos Açores, Nuno Barata, declarou este domingo que “jamais” viabilizará um executivo regional, resultante das eleições de domingo passado, que seja “arranjado em Lisboa”.

“Eu jamais viabilizarei um governo dos Açores que seja arranjado em Lisboa”, declarou, perentoriamente, Nuno Barata numa publicação na rede social Facebook. Esta semana, já depois das eleições regionais, em que a IL elegeu um deputado, precisamente Nuno Barata, o líder dos liberais havia declarado que não iria viabilizar um governo socialista.

“Vasco Cordeiro [líder do PS/Açores] não conta com o apoio da Iniciativa Liberal porque a Iniciativa Liberal foi a votos e recebeu um mandato, não para ir para o governo ou fazer quaisquer acordos com o governo. Os açorianos foram claros. A Iniciativa Liberal teve um mandato para ser a oposição e, como tal, será a oposição ao socialismo. Não seria compreensível que agora, perante os resultados, oportunisticamente a Iniciativa Liberal se ‘vendesse’ ao socialismo”, assinalou, em entrevista à Açores TSF.

O PS venceu as eleições regionais nos Açores, elegendo 25 dos deputados à Assembleia Legislativa Regional, mas um bloco de direita, numa eventual aliança (no executivo ou com acordos parlamentares) entre PSD, CDS-PP, Chega, PPM e Iniciativa Liberal poderá funcionar como alternativa de governação na região, visto uma junção de todos os parlamentares eleitos dar 29 deputados (o necessário para a maioria absoluta).

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O PAN, que também elegeu um deputado, pode também viabilizar parlamentarmente um eventual governo mais à direita. Diversas fontes contactadas pela Lusa reconhecem a existência de conversações entre o PSD e outros partidos com vista a uma eventual viabilização de um executivo de direita.

No sábado, o Conselho Regional do PSD/Açores mandatou o presidente do partido na região, José Manuel Bolieiro, para “negociar” com o CDS-PP e o PPM.

Mesmo sem concretizar o teor das negociações, é sabido que o PSD está à procura de parceiros para constituir um governo na região, apesar de o PS ter vencido – em minoria relativa – o sufrágio de domingo passado.

O jornal Público noticiou na sexta-feira que terá decorrido nesse dia, em São Miguel, uma reunião entre os líderes de PSD, CDS-PP e PPM.

A lei indica que o representante da República nomeará o novo presidente do Governo Regional “ouvidos os partidos políticos” representados no novo parlamento açoriano.

Segundo indicação dada à Lusa por fonte do gabinete do representante da República, Pedro Catarino só poderá ouvir os representantes dos partidos políticos eleitos no domingo uma vez publicados os resultados oficiais em Diário da República, o que ainda poderá demorar alguns dias.

A assembleia de apuramento geral dos resultados só iniciou os seus trabalhos “às 09:00 do segundo dia posterior ao da eleição” (terça-feira passada), tendo de concluir o apuramento dos resultados oficiais “até ao 10.º dia posterior à eleição”.

Esses dados serão posteriormente enviados à Comissão Nacional de Eleições (CNE), que terá oito dias para enviar “um mapa oficial com o resultado das eleições” para publicação em Diário da República.

Depois da tomada de posse do próximo Governo dos Açores, haverá um prazo máximo de 10 dias para o programa do executivo ser entregue à Assembleia Legislativa.