José Mourinho andava muito ativo nas redes sociais. Entre vídeos a ver a Fórmula 1 no gabinete, fotografias dos jogadores a olhar para os telemóveis no balneário e imagens do próprio treinador a comer batatas fritas e a ver um filme durante um voo, o técnico português aproveitou uma série de 10 jogos seguidos sem perder e fez as delícias dos adeptos do Tottenham no Instagram. Até à passada quinta-feira.

Os spurs perderam com o Antuérpia na passada quinta-feira, na segunda jornada da fase de grupos da Liga Europa, e a reação pública de Mourinho não caiu bem junto dos adeptos. “Más exibições merecem maus resultados. Espero que toda a gente neste autocarro esteja tão chateada quanto eu estou. Amanhã, treino às 11h”, escreveu o treinador numa legenda que acompanhava uma fotografia dele próprio no veículo do clube inglês. Foi acusado de ser “infantil”, de minorizar a derrota europeia e de não ter uma reação séria ao resultado negativo. Mas a verdade é que a reação séria de Mourinho já tinha aparecido logo no final do jogo.

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“Gostava de ter feito 11 substituições. Só não fiz as cinco porque tive receio de estar 45 minutos sem poder mexer. O único que podem culpar sou eu, porque fui eu que fiz a equipa e escolhi os jogadores que foram titulares. Ao intervalo tentei melhorar a situação mas não foi suficiente”, disse o treinador na flash interview, garantindo que sabe “qual é a melhor equipa”, tal como “toda a gente sabe”, mas que gosta de dar oportunidades a todos. “Temos um grande plantel com muitos bons jogadores. É minha responsabilidade dar-lhes oportunidades para jogarem, mas também é trabalho deles agarrarem essas oportunidades com as duas mãos para pedirem mais. Depois desta noite, as minhas escolhas futuras serão mais fáceis”, terminou Mourinho, deixando entender que dificilmente vai fugir ao onze-tipo do Tottenham.

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Este domingo, os spurs recebiam o Brighton em Londres e procuravam voltar às vitórias — aproveitando também as derrotas do Aston Villa, do Manchester United e do Everton. Correspondendo à premissa que ele próximo lançou na quinta-feira, Mourinho lançava Kane, Son, Ndombele e Lamela no ataque, o quarteto que melhores respostas tem dado esta temporada. Vinícius, Bale, Bergwijn e Alli, todos titulares contra o Antuérpia, saíam do onze e só mesmo o galês é que aparecia no banco de suplentes.

O Tottenham arrancou praticamente a ganhar, com uma grande penalidade cometida por Lallana e convertida por Harry Kane que desbloqueou o marcador ainda antes de estar cumprido o quarto de hora inicial (13′). Antes disso, os spurs só se tinham aproximado da baliza do Brighton com um passe de Lamela que rasgar que por pouco não encontrou Kane (3′); depois disso, pouco ou nada aconteceu em campo até ao intervalo. Uma primeira parte aborrecida e nada intensa cujo único ponto de destaque era mesmo o penálti que fazia a diferença no resultado.

Praticamente a abrir a segunda parte, o Brighton empatou, através de um golo de Lamptey (56′), e Mourinho reagiu à perda da vantagem com as entradas de Lo Celso, numa primeira fase, e depois de Gareth Bale. O avançado galês entrou aos 70 minutos e só precisou de outros três para repor a vantagem dos spurs, para se estrear a marcar neste regresso ao Tottenham e para voltar a apontar golos pelos londrinos (73′) — sete anos e 166 dias depois da última vez. A equipa de Mourinho segurou o resultado até ao fim, bateu o Brighton e voltou às vitórias, saltando para o segundo lugar provisório da Premier League, a dois pontos do líder Liverpool.