Um dia antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos, eleitores de Nova Iorque disseram à agência Lusa que sentem vergonha e claustrofobia de ser americanos na presidência de Donald Trump e esperam por isso que Joe Biden vença.

George Copper, de 47 anos, já viajou “pelo mundo inteiro” e formou a opinião de que, nos últimos quatro anos, “tem sido bastante vergonhoso ser americano e ver coisas ridículas o tempo todo”. “Não tem sido divertido”, disse à agência Lusa este residente da cidade de Nova Iorque, que espera uma vitória do candidato democrata, Joe Biden, nas eleições que se realizam esta terça-feira.

No último dia antes da eleição, Chaz Song, de 35 anos, que também vive e trabalha em Nova Iorque, tem a impressão de uma situação “triste, mas ainda assim otimista de que as coisas estejam a melhorar aos poucos”. Chaz Song é descendente de imigrantes asiáticos e nas declarações à Lusa considerou que a liderança dos EUA tem sido “horrível” nos últimos quatro anos, com injustiças sociais, racismo e ódio a virem ao de cima. O facto de o atual Presidente, Donald Trump, chamar o novo coronavírus de “vírus da China” e, através de guerras comerciais, aumentar a tensão com o país onde Chaz tem família e amigos, tornou o ambiente “claustrofóbico”, disse o especialista em Tecnologias da Informação.

George Copper entende também que “a sociedade está mais dividida que nunca e até as máscaras se tornaram políticas”, acrescentando que isso “não está certo”. Para o cabeleireiro, a divisão é também visível nas diferentes mentalidades dos apoiantes dos dois grandes partidos, Republicano e Democrata, e nas declarações contraditórias dos candidatos a Presidente, Donald Trump e Joe Biden. Para além da polarização da sociedade norte-americana e da recessão da economia, causadas pela forma como a pandemia de Covid-19 é tratada, George Copper nota também o afastamento das pessoas. “A economia não pode ficar melhor até nós todos nos sentirmos melhor e confortáveis em estar ao lado de outras pessoas”, disse George Copper, que apoia um “mandato que torne obrigatório usar máscaras” por todo o país, para os EUA se verem “livres desta Covid”.

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“Com sorte, isso irá mudar”, considerou o norte-americano, um dia antes da eleição: “com sorte, Biden irá ganhar e tudo vai melhorar”. A mesma esperança é partilhada por Chaz Song.

A eleição de 3 de novembro põe frente a frente o atual Presidente Donald Trump, de 74 anos, que tem causado várias polémicas internas nos EUA, com uma administração que frequentemente muda de funcionários, e o antigo vice-presidente, Joe Biden, de 77 anos, que esteve à frente do país durante oito anos na presidência de Barack Obama, de quem tem o apoio na campanha.

Donald Trump, que já esteve infetado com o coronavírus que provoca a Covid-19, tem declarado repetidas vezes que a “única maneira de perder a eleição” é se houver “fraude” e recusa comprometer-se com a possível transferência de poder de forma pacífica.

O Presidente é acusado por várias figuras públicas de estar a ameaçar o processo democrático nos Estados Unidos, principalmente com as críticas que tem feito ao voto postal, um meio utilizado em números recorde durante a pandemia de Covid-19, depois de grande parte dos 50 Estados criar medidas legislativas para facilitar o voto antecipado e por correio.

Segundo o Projeto Eleições, dos EUA, mais de 96 milhões de pessoas já votaram para esta eleição, o que representa um recorde absoluto de votos antecipados. Segundo a plataforma informativa, mais de 60,7 milhões de votos foram postais e 35,3 foram realizados de forma presencial em locais de voto antecipado. Os especialistas esperam que na terça-feira se confirme um recorde de participação nas eleições, o que traduz o sentimento na sociedade norte-americana de querer dar um contributo nas eleições que são consideradas as mais estranhas e importantes de sempre.