O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior disse, esta segunda-feira, em entrevista à Rádio Observador, que o estado de emergência pode representar uma “solução vantajosa para facilitar a aplicação de medidas” de combate à pandemia provocada pela Covid-19.

Depois de ter estado isolado por ter testado positivo ao novo coronavírus, Manuel Heitor explicou que um novo confinamento geral a toda a população não seria uma boa solução, “porque obviamente sabemos que mesmo nessas situações continuam a haver festas, reuniões familiares e por isso, isto é muito mais um processo de responsabilidade individual e social”.

Quando questionado sobre um eventual recolher obrigatório, o ministro afirmou não lhe parecer uma necessidade, dando o exemplo de Espanha, onde a medida não foi eficaz. Ressalva, no entanto, a importância das medidas concretas implementadas para evitar o colapso do Serviço Nacional de Saúde.

Ministro Manuel Heitor: “Estive sempre sem sintomas, mas com grande ansiedade”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Já quanto ao setor da restauração defendeu que deve continuar aberto, visto que “é uma atividade económica em Portugal relativamente importante mas também é uma atividade social e humana que está muito endogenizada pela sociedade portuguesa de ir a restaurantes.”

Na entrevista que deu à Rádio Observador, Manuel Heitor revelou que não teve sintomas enquanto esteve infetado com o novo coronavírus, uma questão que considera crítica, dada a imprevisibilidade do mesmo: “A questão crítica deste vírus são as condições imunológicas de cada um”.

Aulas do ensino superior e residências universitárias

Têm sido frequentes surtos entre estudantes do ensino superior, nomeadamente em residências universitárias, onde, segundo foi reportado por algumas associações estudantis, os alunos não terão condições para cumprirem o confinamento. Segundo afirma o ministro, a situação terá sido resolvida. “Todos os casos identificados com condições inferiores às condições mínimas foram transferidos para outro tipo de alojamento, nomeadamente pousadas da juventude”. Manuel Heitor explicou também que os números não são alarmantes.

Quando olhamos à concentração de estudantes infetados, é muito pequena face à população. Os números são mesmo totalmente desprezáveis. De abaixo de 0,1% no Porto, em Lisboa e em Coimbra. Naturalmente, o que se passa nas residências universitárias é aquilo que se passa em todos os outros sítios e, com as autoridades locais e de saúde, foram identificadas sobretudo pousadas da juventude para isolar esses estudantes”.

O plano nacional de alojamento estudantil foi outro dos tópicos abordados na entrevista, em que o dirigente da pasta do ensino superior revelou que, até ao final da legislatura, estão previstas 12 mil novas camas, contadas a partir de 2019, altura em que o programa começou. Assim, até ao final de dezembro deste ano, 1570 novas camas serão implementadas e até o fim de 2021 serão 1520.

Temos a certeza que hoje o alojamento está temporariamente resolvido, sobretudo nestes períodos com a disponibilização de outro tipo de camas. E temos de continuar a insistir e por isso pusemo-lo no programa de recuperação económica no acelerar da construção de residências e modernização das residências antigas”.

Para Manuel Heitor, o programa Erasmus “é uma condição cada vez mais intrínseca a ser europeu” e por isso o programa continuou a trazer estudantes estrangeiros e a levar portugueses, apesar de uma redução nos números deste ano.

No que toca ao desfasamento das aulas presenciais, o ministro defendeu que os estabelecimentos de ensino superior estão preparadas para enfrentar eventuais números ainda maiores. Até porque “o que nos sabemos é que sobretudo, mais uma vez, a propagação da pandemia não se dá nos locais de trabalho, não se dá nas instituições de ensino”, não deixando de reforçar a importância de os jovens terem “todas as precauções que têm de ter e a sua responsabilidade social e individual”. Manuel Heitor afirma ainda que o ensino tem que continuar a ser presencial

Esse é o objetivo, introduzindo sempre as inovações pedagógicas que forem possíveis face ao realismo que tem de ser seguido diariamente”.