Cartazes que desvalorizavam a pandemia, violência, confrontos com a polícia e detenções, muitas: 56 só na noite deste sábado, 33 das quais em Madrid. A capital espanhola é epicentro dos protestos contra as medidas de contenção para travar a pandemia em Espanha, mas não é foco único de violência. Os protestos alastram-se pelo país, o primeiro-ministro Pedro Sánchez já veio pedir o fim do “comportamento violento e irracional, intolerável, de grupos minoritários” nas ruas e Pablo Iglesias, líder do Podemos, reagiu dizendo que as ações foram promovidas pela extrema-direita. Não parece ser verdade.

O líder do Podemos escreveu no Twitter este domingo que estes são “distúrbios que a extrema-direita promove” mas, de acordo com o jornal espanhol El País, a polícia não encontrou até agora “nenhuma ligação” entre os grupos que protestam violentamente em diferentes cidades — “uma vintena” — de Espanha. Não há um elo ideológica que una todos os manifestantes. “Os participantes não correspondem a nenhum perfil concreto”, disseram fontes policiais ao jornal. Muito menos foi encontrada uma associação estreita entre o conjunto de manifestantes e o partido de direita radical de Espanha, o Vox, como sugerido nas redes sociais.

A tese de que a promoção, divulgação e organização dos protestos que têm ocorrido em múltiplos pontos de Espanha é feita com objetivos político-ideológicos cai por terra. Uma fonte policial disse ao El País que nas manifestações têm sido encontradas “pessoas de extrema-direita, muitas das quais ligadas a grupos ultras [claques] de futebol, mas também pequenos grupos de esquerda, indivíduos anti-sistema com antecedentes por ações similares, alguns negacionistas [da pandemia] ou simplesmente delinquentes que aproveitam para roubar… depende da cidade”.

Trata-se, disse por sua vez um “alto representante da polícia” não identificado, de “uma mistura ideológica tão difusa quanto confusa”. Outra fonte não identificada mas pertencente às forças de segurança apontou: “Mais do que por uma ideologia concreta, o que move muitos destes agitadores é o simples prazer da violência, de enfrentar a polícia. Qualquer desculpa lhes parece boa para causar distúrbios”.

A tese da polícia de que não há nenhuma organização com motivações político-partidárias a coordenar, promover e organizar os protestos que têm decorrido em Espanha — sendo estes organizados e coordenados regionalmente, por agitadores profissionais — foi também partilhada com a agência espanhola de notícias Efe, como vinca o jornal El Español.

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