88 minutos. Sérgio Conceição preparou uma tripla substituição num jogo que já estava decidido. Entravam Grujic, Romário Baró e Taremi, saíam Otávio, Sérgio Oliveira e Marega. Oliveira, capitão de equipa esta quarta-feira face à ausência de Pepe, não se apercebeu de que o avançado maliano também ia ser substituído e correu para lhe entregar a braçadeira. Marega recuou, virou as costas e sinalizou que também ia sair. O médio português olhou para trás e viu quem lá estava: Marchesín, Manafá, Zaidu, Sarr, Mbemba, Uribe, tudo jogadores que chegaram há pouco tempo ao Dragão. Tomada a decisão, Sérgio Oliveira colocou a braçadeira no braço esquerdo de Fábio Vieira, médio de 20 anos que tinha acabado de entrar, originando um dos momentos mais bonitos da noite.

André voltou ao sítio onde em tempos teve uma cadeira. Mas acabou empurrado por Corona (a crónica do FC Porto-Marselha)

O FC Porto venceu esta terça-feira o Marselha, garantindo a segunda vitória na fase de grupos da Liga dos Campeões e isolando-se no segundo lugar do Grupo C, beneficiando também da derrota do Olympiacos contra o Manchester City. Corona, que assistiu para o primeiro e para o último golo dos dragões, chegou à 50.ª assistência desde que chegou a Portugal e fez duas no mesmo jogo pela quarta vez nos últimos cinco anos.

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Já André Villas-Boas, que voltou ao Dragão nove anos depois de ter saído para o Chelsea, acabou por confirmar uma lógica duradoura: todos os antigos treinadores do FC Porto que defrontaram o clube na era de Pinto da Costa acabaram derrotados no primeiro reencontro, numa lista que tem 11 nomes e que inclui Fernando Santos, José Mourinho e Paulo Fonseca.

Na flash interview, Sérgio Conceição explicou que “era importante perceber os pontos fortes do adversário e perceber também as fragilidades, onde ferir o adversário”. “Sabíamos que eles, jogando em 4x4x2, dificilmente os médios interiores acompanhavam os nossos laterais. Foi uma interpretação fantástica de toda a equipa da estratégia para o jogo e foi um jogo muito bem conseguido. Permitimos pouco ao adversário, criámos mais ocasiões ainda para dilatar o resultado. É verdade que, se o Marselha faz o penálti, o jogo podia ter sido diferente”, disse o treinador dos dragões, que deixou depois algumas palavras para o desempenho de Marega, que voltou a marcar sete golos depois.

“Em três anos, o Marega tem quase 70 golos no Campeonato. Em cada dois jogos da Champions, o Marega tem um golo, e não é no Campeonato da República Dominicana. Depois, peço-lhe para defender e ele faz um trabalho destes. É com este caráter e esta atitude, estou a dar um exemplo de um jogador, mas podia dar dos 11 e dos que entraram, que se torna tudo mais fácil”, sublinhou Conceição, que ainda lamentou a ausência de adeptos das bancadas, uma semana depois de alguns milhares de pessoas terem estado no Dragão para assistir à partida com o Olympiacos. “Temos adeptos da qualidade da Champions, apaixonados e grandiosos e mereciam estar aqui hoje para aplaudir momentos fantásticos. Para quem diz que o FC Porto é só bola para a frente, que ponha os olhos no que fizemos aqui hoje”, terminou o técnico português.

Também Corona acabou por falar na zona de entrevistas rápidas, onde garantiu que o FC Porto deu “uma boa resposta depois de um mau resultado no fim de semana”. “A malta soube corresponder e estamos muitos satisfeitos pelo desempenho. É sempre muito importante começar com o pé direito e o golo cedo trouxe-nos mais confiança”, acrescentou, explicando depois que “ainda falta muito” para ficar garantido o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões mas que a equipa continua “concentrada” e com “muitas possibilidades” de alcançar esse objetivo.