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Da ex-conspiracionista que chegou a congressista à primeira senadora transexual. 6 histórias das eleições para lá da Casa Branca

Este artigo tem mais de 3 anos

A congressista que chegou a promover o QAnon, o rapaz agredido pela polícia que agora é senador ou a legalização da marijuana em Nova Jérsia. Nem só de Casa Branca se fazem as eleições nos EUA.

A nova congressista dos EUA já foi chamada de "futura estrela Republicana" por Donald Trump
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A nova congressista dos EUA já foi chamada de "futura estrela Republicana" por Donald Trump

CQ-Roll Call, Inc via Getty Imag

A nova congressista dos EUA já foi chamada de "futura estrela Republicana" por Donald Trump

CQ-Roll Call, Inc via Getty Imag

É a noite de todas as decisões nos Estados Unidos — mesmo daquelas que escaparam no meio da agitação presidencial. O congresso norte-americano tem agora uma radical que chegou a defender que Trump estava a combater uma cabala de pedófilos. O senado recebe a primeira mulher transexual da história dos Estados Unidos. E em Nova Jérsia, um referendo paralelo às eleições deu o aval à marijuana para uso recreativo. Leia as histórias aqui.

A radical que defendeu teorias da conspiração e agora é congressista

Chama-se Marjorie Taylor Greene, tem 46 anos, é do Partido Republicano e foi eleita esta terça-feira (madrugada de quarta-feira em Portugal) para o Congresso dos Estados Unidos da América. Até aqui, nada de estranho. Marjorie Taylor Greene não seria sequer notícia em todo o mundo não fosse ter ajudado a difundir e promover no passado teorias conspirativas de extrema-direita, relacionadas com um grupo — o QAnon — que defende que Trump está secretamente a combater uma cabala de pedófilos que inclui figuras da “elite” dos EUA.

Marjorie Taylor Greene foi eleita congressista pelo Partido Republicano

CQ-Roll Call, Inc via Getty Imag

Polémica, a agora congressista do Partido Republicano decidiu distanciar-se, na campanha eleitoral recente, do grupo de teóricos da conspiração com o qual concordou no passado — que já foi sinalizado pelo FBI como uma potencial ameaça de terrorismo doméstico. O grupo defende que há uma espécie de afiliação de celebridades, bilionários e democratas que promovem a pedofilia, como explica a estação CNN.

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A defesa das posições expressas — sem qualquer base factual de prova — pelo grupo Q-Anon não foi o único momento controverso de Greene no seu percurso político e pessoal. Como lembra a CNN, em tempos acusou George Soros, sobrevivente do Holocausto, de ter colaborado com os Nazis. Defendeu ainda que a manifestação violenta de supremacismo branco em Charlottesville, em 2017, foi um “inside job” — um trabalho de infiltrados — para “alimentar a agenda das elites”.

Marjorie Taylor Greene concorreu pelo Partido Republicano e foi eleita para representar o estado da Geórgia no Congresso dos Estados Unidos da América. Na corrida eleitoral, não teve concorrente do Partido Democrata — o candidato “azul” ao mesmo posto no Congresso, Kevin Van Ausdal, desistiu da corrida em setembro, alegando motivos pessoais e familiares e depois de ter recebido ameaças e pressões de pessoas ligadas ao QAnon.

A nova congressista dos EUA já foi chamada de “futura estrela Republicana” por Donald Trump e, nesta campanha, decidiu ser bem mais cautelosa nas suas posições, assumindo que, depois de ter “começado a encontrar e notar indícios de desinformação” no que antes defendera, optou “por um outro caminho”.

Apesar do aparente recuo, já em setembro decidiu publicar uma montagem no Facebook com uma fotografia de si mesma armada, ao lado da congressista democrata Alexandria Ocasio-Cortez, de Ilhan Omar — mulher, muçulmana e política eleita para o Congresso dos EUA — e da advogada e política democrata Rashida Tlaib. A acompanhar a fotografia, encorajou os seus seguidores a apoiar “os grandes conservadores cristãos” e a enfrentar “estes socialistas que querem destruir o nosso país”.

Jamaal, agredido pela polícia aos 11 anos, agora é congressista

Jamaal Bowman tinha 11 anos quando foi brutalmente agredido pela polícia nova iorquina enquanto brincava com os amigos na rua. “Fui atirado contra uma parede, sacudido para o chão, pressionaram o cassetete nas minhas costas, o meu rosto a arranhar no chão, e fui algemado”, recordou ele ao Roll Call.

Jamaal Bowman foi eleito para o Congresso pelos democratas

Getty Images

Tudo “só porque estava a brincar com os meus amigos, estávamos a ser barulhentos e tempestuosos e eu não acedi a fazer aquilo que eles pediam”, justificou Jamaal Bowman: “Respondi-lhes um pouco de volta quando eles nos disseram para nos acalmarmos e mantermo-nos assim. A próxima coisa de que me lembro é daquilo”.

Jamaal Bowman foi detido, mas acabou libertado quando a mãe o foi buscar à esquadrada sem ter sido indiciado por qualquer crime. O assunto ficou arrumado depois disso: a mãe não denunciou a atitude da polícia porque “era mesmo assim”. Para Jamaal, no entanto, só era mesmo assim porque ele era negro.

Trinta e três anos mais tarde, Jamaal Bowman chegou a congressista em Nova Iorque e quer mudar como as coisas são. Enquanto não o alcança, dá aos filhos os mesmos conselhos que recebeu da avó e da mãe: ‘Mantém as mãos sempre visíveis. Não faças gestos rápidos ou repentinos. Responde sempre: ‘Sim, senhor’ ou ‘Não, senhor’. Faz tudo o que te pedirem desde que sobrevivas’“.

Nova Jérsia vai ser a capital da marijuana na costa este

Foi uma terça-feira de muitas escolhas em Nova Jérsia e uma delas já está decidida: o estado norte-americano vai tornar-se o maior da costa este a legalizar a marijuana para uso recreativo por adultos. Sete em cada dez eleitores votaram a favor da nova lei no referendo que acompanhou as eleições norte-americanas, enquanto apenas três em dez fizeram a escolha contrária.

A legalização da marijuana para uso recreativo foi aprovada em Nova Jérsia

Getty Images

A legalização da marijuana para uso recreativo — a utilização medicinal já era permitida — em Nova Jérsia tem potencial para se tornar um negócio milionário. De acordo com o Departamento dos Serviços Legislativos, podem gerar-se 1,9 mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros) em vendas, o que se traduzirá em 126 milhões de dólares (108 milhões de euros) em impostos.

São valores que vêm a calhar naquele estado, uma vez que Nova Jérsia vai pedir um empréstimo de 4,5 mil milhões de dólares (3,9 mil milhões de euros) para tapar défices orçamentais criados pelo arrefecimento das receitas à conta da pandemia de Covid-19. Além disso, pode trazer vantagens para o emprego e para diminuir o número de detenções relacionadas com o consumo desta droga.

Já são onze os estados norte-americanos que permitem, por lei, o consumo de marijuana para uso recreativo: Alasca, Califórnia, Colorado, Illinois, Maine,  Massachusetts, Michigan, Nevada, Oregon, Vermont e Washington. Há outros estados que também votaram neste referendo esta terça-feira: Arizona, Montana e Dakota do Sul. Nestes dois últimos, a lei também foi aprovada.

Foi eleita a primeira senadora transexual nos Estados Unidos

Durante 21 anos, Sarah McBride foi conhecida como um rapaz chamado Tim. Mas: “Toda a minha vida me debati com a minha identidade de género”, contou a própria em 2012. “Foi apenas depois das experiências deste ano que fui capaz de ficar em paz com aquele que é o meu segredo mais profundo — sou transgénero.”

Sarah McBride é a pessoa transgénero com o mais alto cargo nos Estados Unidos

Getty Images

Sarah McBride tinha seis ou sete anos quando percebeu que era uma mulher acorrentada a um corpo masculino. “Estava a ver uma série com a minha mãe quando apareceu uma personagem transgénero. Até aqui pensava que era a única e que não havia nada que eu pudesse fazer sobre quem eu sabia que era. O meu coração afundou-se quando a minha mãe explicou o que ‘transgénero’ significava. Pensei: ‘É quem eu sou’“.

A verdadeira identidade de Sarah McBride foi sendo ofuscada à medida que desenvolvia um interesse por política. “Lutei com o facto de que o meu sonho e a minha identidade pareciam anular-se mutuamente. Tive de escolher. Por isso, escolhi o que achei mais fácil e o que não dececionaria as pessoas”, confessou. Já adulta, pensava: “Disse a mim mesma que, se pudesse fazer com que o Tim valesse a pena para outras pessoas mudarem o mundo, valeria a pena ser o Tim”.

O plano não funcionou para Sarah: “Apenas aumentou as minhas lutas internas. Não trouxe a plenitude que eu procurava. Em meados do outono, tinha chegado a um ponto em que morava dentro da minha própria cabeça. Com tudo o que fiz, do mundano ao emocionante, a única maneira de aproveitar era se eu me imaginasse a fazer isso como uma rapariga”.

Abriu-se então a dois ou três amigos. Depois, aos irmãos e à família. Todos receberam a notícia com entusiasmo. E Tim passou a viver como a Sarah McBride que nasceu para ser. Dois anos depois de contar a história ao mundo, casou-se com Andrew Cray, um ativista LGBT, diagnosticado com um cancro em fase terminal. Andrew morreu quatro dias depois das núpcias.

Sarah McBride — agora a primeira senadora transexual, eleita pelo Delaware, e a pessoa transgénero com o cargo mais alto dos Estados Unidos — continuou a lutar pela causa LGBT que o marido defendia. Numa mensagem publicada no Twitter, agradeceu a vitória: “Conseguimos. Ganhámos as eleições gerais. Obrigada. Obrigada. Obrigada”.

Um antigo médico de Donald Trump tornou-se congressista

Ronny Jackson foi médico do presidente dos Estados Unidos da América e deu que falar em 2018 quando elogiou os “ótimos genes” de Donald Trump. Afirmou que o milionário “viveria até aos 200 anos se tivesse tido uma dieta mais saudável nos últimos 20 anos”. Agora foi eleito congressista pelo Texas.

Ronny Jackson foi médico de Barack Obama e, durante algum tempo, de Donald Trump

Getty Images

Reformado da Marinha norte-americana, onde foi contra-almirante até ao ano passado, Ronny Jackson foi nomeado pela primeira vez para a Unidade Médica da Casa Branca na administração de George W. Bush e tornou-se médico do presidente norte-americano em 2013, com Barack Obama.

Em 2018, Trump escolheu-o para liderar o Departamento de Assuntos de Veteranos, mas o agora congressista nunca chegou a aceitar o cargo. Depois do burburinho causada pelos elogios rasgados à herança genética de Trump, Ronny Jackson tornou-se protagonista de uma polémica ao ser acusado de distribuir medicamentos e de se apresentar bêbedo ao trabalho.

O médico também chamou a atenção quando defendeu que a utilização de máscara em locais públicos como medida para travar a propagação do novo coronavírus devia ser “uma escolha pessoal” — algo com que 68% dos americanos discorda, de acordo com a sondagem da CNN — e quando colocou em causa a capacidade cognitiva de Biden: “Estou convencido de que ele não tem capacidade mental, capacidade cognitiva para servir como nosso comandante-chefe e chefe de Estado”.

Há uma viúva do tiroteio de 2018 no conselho de escolas em Broward

Em Broward, no estado da Florida, os eleitores também foram chamados a escolher o conselho das Escolas Públicas do Condado. E escolheram mais um membro que perdeu um familiar no tiroteio de 2018 na Escola Secundária de Marjory Stoneman Douglas, em Parkland.

Debra Hixon, a mulher vestida de negro à esquerda da imagem, entrou para o conselho das escolas públicas

Getty Images

Chama-se Debra Hixon e é viúva de Chris, o diretor desportivo à época. Nasceu em Hollywood, licenciou-se na Universidade do Estado da Florida e, no fim dos anos 80, dedicou-se ao ensino e ao treino nas áreas da natação e pólo aquático. Quando soube que tinha vencido as eleições, comentou: “Isto significa que este condado tem confiança e fé em mim; e significa muito porque eles foram realmente o que conquistou a nossa família nos últimos três anos”.

No conselho das Escolas Pública está também Lori Alhadeff, uma ativista norte-americana que perdeu a filha, Alyssa, no fatídico tiroteio de fevereiro de 2018. No dia seguinte ao ataque, Lori Alhadeff deu uma entrevista à CNN e exigiu a Donald Trump que tomasse medidas para o controlo ao acesso às armas. Começou então a dedicar-se à causa.

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