O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou esta quinta-feira que França vai duplicar os elementos que patrulham as fronteiras, de 2.400 para 4.800, e que vai defender em Bruxelas uma reforma “profunda” de Schengen (espaço europeu de livre circulação).

Macron fez estes anúncios junto da fronteira franco-espanhola, na zona de Le Perthus (no Pirenéus Orientais, no sul de França), onde se deslocou na companhia do ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, e do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Clément Beaune.

Segundo o chefe de Estado francês, este reforço nas patrulhas fronteiriças foi decidido “devido ao agravamento da ameaça” após os recentes ataques terroristas registados no país e visa combater essa mesma ameaça terrorista, mas também o tráfico e a imigração ilegal.

Para Macron, é necessário impedir que estes fluxos de migração irregular sejam utilizados pelos terroristas.

Neste sentido, o Presidente francês indicou que em dezembro vai pedir aos parceiros na União Europeia (UE) uma reforma profunda do Acordo de Schengen.

“Gostaria de apelar a uma revisão de Schengen e a um maior controlo”, disse Macron, especificando que levará “as primeiras propostas nesse sentido ao Conselho” europeu em dezembro, afirmando ainda ter vontade que tal reforma seja possível concretizar “sob a presidência francesa” do Conselho da UE, no primeiro semestre de 2022.

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O chefe de Estado francês explicou que deseja que a UE seja dotada de uma “verdadeira polícia” para controlar as suas fronteiras e que a tomada de decisões seja feita “de uma maneira muito mais integrada”.

Segundo Macron, esta revisão deve tornar o espaço Schengen “mais coerente”, para que “proteja melhor as (suas) fronteiras comuns”, “articule melhor” os imperativos da responsabilidade pela proteção das fronteiras e da “solidariedade”, de forma a que “o fardo não seja apenas para os países de primeira entrada”.

A visita desta quinta-feira de Macron à fronteira franco-espanhola surge após França ter sofrido recentemente vários ataques terroristas.

Depois da morte do professor francês Samuel Paty, degolado no passado dia 16 de outubro por um extremista por ter mostrado caricaturas de Maomé aos alunos numa aula sobre liberdade de expressão, a França voltou a sofrer em 29 de outubro um novo ataque relacionado com o extremismo islâmico na cidade de Nice.

O ataque foi perpetrado por um jovem tunisino, que entrou em França vindo de Itália, que matou com uma faca três pessoas, numa igreja católica daquela cidade francesa.

Em reação, as autoridades francesas elevaram o nível de alerta terrorista para o máximo.