A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) apelou esta quinta-feira à anulação dos resultados das presidenciais na Bielorrússia e denunciou “torturas sistemáticas” e “violações em massa dos direitos humanos” no seu primeiro grande relatório sobre o país.

“Existem provas avassaladoras que demonstram que as eleições presidenciais de 9 de agosto foram falsificadas e violações em massa e sistemáticas dos direitos humanos cometidas pelas forças de segurança em resposta às manifestações pacíficas”, indica o documento que esta quinta-feira foi discutido em Viena perante o Conselho Permanente da organização.

O relator Wolfgang Benedek, autor em 2018 de um estudo internacional que demonstrava as perseguições do poder na Chechénia, recolheu dezenas de testemunhos, acompanhados de fotos e vídeos.

No texto, refere-se a “torturas e tratamentos inumanos ou degradantes (…) generalizados e sistemáticos” dirigidos aos manifestantes, mas também aos transeuntes que se encontravam no local dos protestos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A OSCE exige novas e “verdadeiras” eleições que cumpram os “critérios internacionais”, na presença de observadores independentes.

Ao responder a um pedido de 17 Estados, incluindo os Estados Unidos, Reino Unido e França, Benedek recebeu 700 observações escritas e procedeu a entrevistas via internet devido à impossibilidade de se deslocar ao terreno, após a Bielorrússia ter recusado cooperar no inquérito.

Desde a sua contestada reeleição em 9 de agosto, o chefe de Estado Alexander Lukashenko, de 66 anos e no poder desde 1994, enfrenta um inédito movimento de protesto que reúne semanalmente dezenas de milhares de manifestantes.

Este inquérito “revela a fraude que está no centro das eleições presidenciais e as ações abjetas do regime de Lukashenko”, reagiu em comunicado o chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab.

“Devem ser organizadas novas eleições livres e justas”, insistiu.

Os Estados Unidos emitiram uma mensagem similar através do seu embaixador na OSCE, James Gilmore. “Estes tremendos abusos ocorreram no coração da Europa em 2020”, insurgiu-se, apelando a um novo escrutínio transparente.

Principal figura da oposição, exilada na Lituânia, Svetlana Tikhanovskaya encontra-se esta quinta-feira em Viena para um encontro com os embaixadores da OSCE antes de ser recebida pelo chanceler austríaco Sebastian Kurz.