Apesar da suspensão por 15 dias aplicada pelo Conselho de Disciplina da Federação no seguimento da expulsão no final do jogo do FC Porto em Paços de Ferreira, que fará com que o adjunto Vítor Bruno esteja no banco na receção deste domingo ao Portimonense no Dragão, Sérgio Conceição fez questão de ir à habitual conferência de imprensa na antecâmara do encontro a contar para a sétima jornada da Primeira Liga e dar a sua versão de tudo o que aconteceu antes, durante e depois do vermelho exibido por Nuno Almeida já depois do apito final.

Sérgio Conceição suspenso por 15 dias por expulsão após jogo com P. Ferreira. Vai falhar receção ao Portimonense

“A semana passada foi toda a falar da expulsão e esqueceram-se de dar mérito ao P. Ferreira, ao Boavista. Se calhar a intenção é essa. Esqueceram-se da grande vitória europeia que o FC Porto teve e que infelizmente as outras equipas portuguesas não tiveram. Isso não foi falado na televisão. O que falaram foi da reação que o árbitro teve, do Sérgio Conceição, se foi a forma de caminhar, se foi mais rápida ou mais lenta… Falei com o meu filho sobre o tal olhar, a cara. E o meu filho disso: ‘Oh papá, quando me metes de castigo é aquela cara que tu metes’. E eu perguntei-lhe: ‘Mas tu não me expulsas de casa pelo olhar, pois não?’. Sinceramente não sei o que dizer. O que não se falou é que o FC Porto, tirando as equipas dos campeonatos mais fortes, do Big Five, é a primeira equipa do ranking da UEFA, tivemos mais uma vitória saborosa na Champions e não se falou e ouviu-se esta história de Paços de Ferreira, dos erros do Nuno Almeida, como se o FC Porto tivesse conquistado os três pontos”, introduziu.

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“No final do jogo fiz o que sempre faço, vou cumprimentar o árbitro. Sem dizer completamente nada, viro as costas e há um comentário a dizer que a minha cara é sempre a mesma. Eu começo a falar e vejo amarelo, depois pergunto: ‘Então mas porquê? Queria falar dos quatro minutos’. Tudo isto temos as imagens. Estivemos a ver e está lá exatamente isso. Nesse momento levo o vermelho. A partir daí, é inacreditável. É ridículo. Se me perguntarem a mim se existiram outras situações onde eu merecia ter sido expulso e não fui, houve. Mas também houve situações em que fui expulso e senti-me verdadeiramente injustiçado”, contou o treinador portista.

Faltou Pepe e faltou uma braçadeira. Mas falta principalmente o norte a esta equipa (a crónica do P. Ferreira-FC Porto)

“Já fui expulso por festejar efusivamente um golo quando estava no Olhanense contra o U. Leiria [n.d.r. na época de 2012/13, a primeira como técnico principal], fui expulso por passar da área técnica um metro e esta foi a mais ridícula. Das duas uma, ou tenho de ter uma máscara e óculos para ir ter com os árbitros e cumprimentá-los ou não posso mais cumprimentar os árbitros porque à mínima cara pesada, que estava porque tinha perdido e porque sabia da expressão pouco contente da minha equipa, sou expulso”, continuou, antes de revelar mais detalhes mesmo dizendo que queria poupar os pormenores e dando o assunto como encerrado da sua parte.

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“Sou chamado pelo árbitro, onde vou acompanhado pelo engenheiro Luís Gonçalves [n.d.r. administrador da SAD e delegado ao jogo], e nesse momento entrou também o delegado da Liga. Ele disse-me, à frente dos fiscais de linha (árbitros auxiliares), do quarto árbitro, do engenheiro Luís Gonçalves e do delegado da Liga: ‘Podes tratar-me por tu, somos praticamente da mesma idade. Eu expulsei-te não por alguma coisa que tivesses comigo, nem por alguma falta de respeito, mas pela tua cara.’ Isto com toda a gente a ouvir. Não quero entrar em mais pormenores, nem o devo fazer. Isto para mim é um assunto encerrado. As horas que se passou a falar disto na TV, isso é que é grave. Muitos dos paineleiros depois de jantar têm facilidade em fazer isso, outros é clubite aguda. Preferia andar nas obras de manhã à noite do que fazer as figuras que alguns fazem na TV, a julgar não só o treinador, e nisso estão no seu direito, agora a falar do homem, como eu ouvi. Isso eu não admito, até porque não conheço muito daquela gente”, adiantou Sérgio Conceição ainda sobre este tema.

Ainda sobre esse jogo na Capital do Móvel que terminou com a derrota por 3-2 antes de nova vitória na Champions com uma grande exibição frente ao Marselha (3-0), o treinador dos azuis e brancos, que foi suspenso por 15 dias além de ter de pagar uma multa de 10.000 euros, assumiu que foi um dos seu piores desempenhos. “Mudança de chip? Toda a gente tem de mudar, não são só os jogadores, é todo o ambiente. Acho que aconteceu um mau jogo [em Paços de Ferreira], talvez o pior jogo da minha carreira como treinador e já tive oportunidade de dizer isto aos jogadores, mas estes tropeções acontecem. Agora não há nada a fazer. É olhar para aquilo que podíamos ter feito, estar nesse estado de alerta, desconfiar do poderio do adversário. Isso não é um trabalho só dos jogadores, é um trabalho também do treinador e de todos os que rodeiam. Quando ganhamos eu falo desde o presidente ao cortador da relva, quando perdemos é a mesma coisa. Cada um tem de assumir a sua responsabilidade”, concluiu Sérgio Conceição, projetando também a partida com o Portimonense antes de uma pausa de duas semanas.