Luís Marques Mendes entende que o “Governo não tem estado bem” na preparação e resposta à segunda vaga da pandemia e que “se tivesse agido mais cedo, evitavam-se muitos contágios, podiam evitar-se algumas mortes, evitavam-se eventualmente medidas tão drásticas quanto estas. Toda a gente sabe: quanto mais tarde se age, pior”.

No seu habitual espaço de comentário na SIC, o antigo líder do PSD sugeriu que o Governo “andou a dormir na forma” e que revela já “desnorte, de falta de capacidade de antecipação, de falta de planeamento e até de liderança”.

Mesmo reconhecendo que as medidas agora a adotadas, em particular o recolher obrigatório, são um “choque”, o social-democrata lembra que “a situação dos novos contágios começa a ser dramática”, que “os hospitais estão à beira da rutura”, que a “pandemia está relativamente descontrolada” e que “o número de mortes está a crescer de forma preocupante”. Se nada for feito, argumenta, “ainda acabamos num confinamento geral”.

Particularmente crítico, Mendes acusou o Governo e António Costa de “demagogia” por sugerirem que estas medidas vão “salvar o Natal”. “Estas medidas não são para salvar o Natal. São para salvar vidas. Para salvar o SNS da rutura e do colapso.”

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“O Governo deve falar verdade. E falar verdade, neste caso, é explicar aos portugueses, a tempo e horas, o seguinte: no período do Natal vamos ter limitações à circulação, como houve na Páscoa e no Dia de Finados? E que tipo de limitações? E durante quantos dias? Isso, sim, o Governo tem de explicar a tempo e horas. Para que as pessoas possam programar as suas vidas e o seu Natal. Fora isso, não abusem da inteligência dos portugueses”, desafiou o social-democrata.

‘Geringonça’ de direita é legítima, mas…

Noutra nota, Luís Marques Mendes classificou de “legítima e compreensível” a solução encontrada pelo PSD para derrubar Vasco Cordeiro nos Açores através de uma aliança de direita com CDS e PPM e o apoio de Chega e Iniciativa Liberal. “O PS não tem autoridade para se queixar. Fez o mesmo em 2015, quando Costa fez a geringonça”, disse.

Ainda assim, o antigo líder social-democrata entende que Rui Rio corre riscos depois de o PSD/Açores ter aceitado negociar com o Chega e que o PSD pode perder capital político se não alterar a perceção instalada de que está a normalizar André Ventura.

“Rio tinha dito que o PSD não fazia acordos com o Chega enquanto ele não mudasse. Como agora houve este acordo, mesmo sem o Chega mudar, há um problema de perceção política. A perceção de que o PSD mudou, normalizou o Chega e que pode repetir esta solução no plano nacional. Esta perceção, se não for desmontada, pode afastar o PSD dos eleitores moderados do centro, vitais para ganhar eleições. Ou seja: o Chega acrescenta votos no Parlamento. Mas pode tirar votos e credibilidade no país”, rematou.